Nostalgia ao Sabor do Futuro

Então lá estava eu, aparentemente com 20 anos, mas como uma aparência de 15 e coração de 60, quase que por nulo. Pergunto me constantemente o que houve comigo e porque me tornei assim, e o tempo insiste em jogar ácido em meus próprios olhos para me mostrar que aquilo tudo era obra da vida, de uma pequena criança com coração de uma velha solteirona. Papéis, canetas, janela escurecida e mal cuidada, com um feixe de luz que passava entre as cortinas e insistia em deixar o sol atravessar por minhas têmporas. Sempre odiei o sol pela manhã enquanto atravessava o meu quarto, dava me certas nostalgia e uma vontade de machucar o coração, mata - lo por fim.

Agora com óculos que me deixavam com um ar de séria, não tinha esperanças para escrever e muito menos para olhar pelo papel e pelas linhas formando uma dança em minha mente; eu era a bailarina e o meu par era o cigarro, agora em forma de toco. O que era aquilo? Quem era eu? Sob tal fato pergunto me se poderia ser diferente, vejo no espelho um olhar que não quer se apagar e sob a luz do céu e das estrelas vejo que não há um distinto comando entre meus dedos quando subitamente a caligrafia toma forma entre a folha.

O que vejo é a mão de uma louca aventureira que um dia escreveu por prazer e agora se vê em mundo onde a fuga está entre as palavras. Um bocejo, cigarro em mãos e um fogo que não quer se calar, pouco a pouco perco a voz, o som e a distinção, tenho sono, fome, sede, frio e carência distribuída em um só corpo, uma só alma. Quero brincar lá fora e ver o orvalho despencar, mas o tempo só continua a passar: "Ainda não vá lá fora, está chovendo!"

Priscila Czysz
Enviado por Priscila Czysz em 13/12/2011
Reeditado em 22/01/2013
Código do texto: T3385947
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