Lembranças

Hoje, dia 30 de Dezembro de 2011, minha querida mamãe resolveu juntamente com duas primas fazer uma faxina minuciosa em minha casa. Uma atitude extremamente normal, visto que o final de ano é uma bela época para higienizar os ambientes, e também para higienizar a alma. O que não esperava é encontrarmos fotos minhas relativamente antigas, datadas de 2001 até aqui. Tanta gente importante nas nossas vidas, tantas pessoas maravilhosas, outras nem tanto. O fato é que esse ocorrido conseguiu num instante me lembrar quem sou, o caminho que trilhei até aqui, os momentos que sorri, as pessoas que já amei.

É importante ter uma história a contar, assim como é importante tê-la registrada. Lá estão pessoas que marcaram, influenciaram. São vários momentos congelados pelas fotografias, muitas histórias. Estão lá eventos na ilha com 16, 18 e 21 anos...Bares e mais bares no currículo vitorioso da boemia, quando ainda gostava demais dessa vidinha chata...Santa Terezinha e amigos distantes, porém verdadeiros. Hoje todos por aqui por Salvador praticamente. Está lá o registro da minha passagem por Arembepe com Átila e Jorginho, comemorando nosso aniversário. Aliás, essa passagem merece algumas observações especiais.

Portando um garrafão de vinho peba e 500 ml de aguardente – famosíssima bombinha, nós partimos para Arembepe com a sensação de que iríamos ter um bom fim de semana. Durante o trajeto, tivemos a brilhante idéia de beber a aguardente alternando-a com o vinho. Uma hora depois estávamos pisando em “terras nativas Arembepianas” e a mente alegre, tudo muito colorido. Lembro-me vagamente de ter dito aos colegas: - Não estamos em nossa área, não podemos dar mole, nem ficarmos doidos de bobeira. Lembro-me perfeitamente de voltarmos, da praça de Arembepe para a casa que estávamos, cantarolando com os shorts pendurados nas nossas cabeças de sunga e cueca na rua...O que uma loira e uma morena junto com cerveja, vinho e aguardente não fazem....Tinha me descoberto um cantor. O mundo artístico ia ser meu. Promessas de amor eterno e voltas não cumpridas. Lindo devaneio em uma madrugada muito louco.

Outro aspecto que merece por demais minha análise “racional” é como muitos amigos passam a ser tão próximos que são, na verdade, irmãos. Quando digo amigos, falo em sentido amplo. Meu pai, meu padrinho, minha tia, meu amigos amigos e meus amigos pero no mutcho. Afinal, na natureza tudo tem um por que, nem que seja para aumentar seu senso de competitividade na selva que é a vida.

Muitas vezes erramos tentando acertar; outras acertamos sem querer. Todas as pessoas deveriam ter a experiência de olhar para seu passado em fotos. Ao mesmo tempo em que dá vontade de rir, dá também de chorar. Os caminhos que escolhemos, os pequenos atos que executamos mostram não quem somos nós agora, mas mostra a fonte vital que bebemos para chegar até aqui. É a nossa influencia, parte de nós. Simplesmente nossa história. Para finalizar, deixo um registro de um bate papo informal que tive com o pessoal em Arembepe:

- Você é doido, chamou elas pra um suposto churrasco e agente nem tem o que comer direito!

- Fecha a transmissão, vamos dizer que faltou água e nem da torneira tem. Só cachaça para matar a sede!

- Como assim...?

- Meu filho...vai aprendendo.

-Ah...entendi...

-Vão comer calabresa até umas hora.

- Elas vão beber cachaça...agente também...elas vão comer calabresa e agente o quê?

- DAÍ-ME paciência....

Boas festas ao mundo inteiro.

Paz e luz.

Luís Gusmão

Luís Gusmão
Enviado por Luís Gusmão em 30/12/2011
Código do texto: T3414548
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