Cuidado! sempre há um cachorro por trás de você

Olá amigos, estive no restaurante Pobre Juan, no shopping Iguatemi, eleito por mim como um dos espaços mais bonitos de Brasília, sem considerar o serviço, os vinhos e a carne maravilhosa. Reparando um pouco mais no interior, percebemos o revestimento de tijolos maciços dispostos de uma forma original, entre as vigas decorativas de madeira. Nesta altura da minha vida, a cada instante vivido, provocam muitas lembranças. A gente passa a recordar mais do que conhecer, motivo pelo qual acho que o nosso tempo começa a demorar a passar com o avançar dos anos.

Os tijolos maciços levaram-me há alguns anos atrás. Época na qual fui contratado pela dupla Vaninho e Dudu para construir a pizzaria Fratello do shopping Terraço na área Octogonal. O estudo do arquiteto Durmar, previa algumas paredes e um arco que dividia o espaço do salão das mesas, revestidas em tijolo maciço e aparente. Eu e o Vaninho fomos pesquisar então o que existia em Brasília deste revestimento. Passamos por cantinas, botecos, restaurantes, etc..., mas nenhuma das soluções visitadas me agradavam. Daí surgiu minha curiosidade de procurar nas próprias olarias, mais particularmente em São Sebastião, famosa pela fabricação de tijolos imperfeitos, objeto estes, desejados por nós. Queríamos uma parede revestida de tijolos maciços e ao mesmo tempo envelhecida, irregular. Eu tive uma impressão muito boa de uma parede com tijolos maciços, dispostos na posição vertical e deitado, no restaurante Mistura Fina em Salvador.

No meu entender se conseguíssemos tijolos envelhecidos e dispostos da mesma forma com as juntas secas, teríamos em Brasília um revestimento bonito e original.

Em um sábado de sol quente, eu e meu filho Rafael, fomos à São Sebastião pesquisar e tentar encontrar alguma coisa parecida. As primeiras tentativas foram um fracasso, as olarias visitadas estavam incrivelmente produzindo tijolos de boa qualidade. Como quem tem persistência e boca vai a Roma, fomos informados de uma olaria que estava desmontando fornos de queima antigos e que atenderia perfeitamente nosso objetivo. Seguimos o caminho indicado, saímos da pista pavimentada, entramos por uma estrada estreita e rural, mas logo avistamos a tal olaria. Uma área cercada por arame farpado, com os galpões de cura dos tijolos e à frente um pequeno escritório vazio. Buzinamos para chamar a atenção de alguém, quando notamos que havia uma residência, provavelmente do dono, na parte baixa do terreno um pouco distante da área de produção da olaria. Apesar de um pouco distante, enxergamos um homem que começava subir em nossa direção acompanhado de um cachorrão. Eu desci da nossa pick-up, o Rafael permaneceu dentro, e avancei poucos metros, mas parei, esperando a chegada do senhor e o seu cachorro. Quando a aproximação deu-se a tal ponto que criava a expectativa de um cumprimento por qualquer das partes, o cachorrão se adiantou e passou por mim em direção a pick-up. Eu mantive minha expectativa de cumprimentar o senhor, que para meu espanto começou a gritar – sai! Fora! Xispa!. A primeira reação foi confirmar se tais apelos eram dirigidos a mim, tanto que olhei para os lados para ver se tudo isso estava acontecendo comigo. E estava. Na realidade o gritos foram para o cachorrão que deu a volta por trás de onde eu estava postado, ergueu uma de suas pernas e estava mijando nas minhas. E muito, não foi pouco, acho que ele estava apertado. Meu filho teve um ataque de riso dentro do carro assistindo uma cena de comédia digna dos filmes dos trapalhões.

Resultado deste fato esquisito: encontramos os tijolos do desmanche dos fornos, aplicamos na pizzaria e ficaram lindos. Já presenciei vários ambientes depois deste inspirados na pizzaria do Terraço Shopping.

puccinelli
Enviado por puccinelli em 20/01/2012
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