A CIDADE PERDIDA

Uma das coisas mais lindas que li sobre Nova York, foi um trecho escrito por Scott Fitzgerald. Dizia que a primeira vez que ele soube que Manhattan tinha fim, foi quando subiu no último andar do "Empire State Building". Naquela época e hoje em dia, o prédio mais alto da cidade.

Não sei se o que me faz gostar tanto desse "trechinho" é o fato de meu imenso interesse por ilhas e utopias ou, simplesmente, a minha impressão de que não é Manhattan que se vê acabar lá de cima do prédio, mas, o resto do planeta.

Em 1995, no meu primeiro dos sete invernos passados na capital do mundo, quando Rudolph Giuliani era o prefeito da cidade e Henry Stern, um corcundinha, misto de Guarda Belo e Zé Colméia, cuidava do Central Park, houve uma tempestade de neve como já muito não se via.

Num daqueles dias resolvi sair de casa, afinal, era o melhor jeito de ter a dimensão do que estava interditando a cidade. Interditando, literalmente falando, pois além dos jornalistas e do correio, ninguém mais trabalhava. Empacotei-me, saí e não acreditei no que vi: tudo fechado e coberto de neve! A gente podia andar no meio da rua, deitar-se e olhar para o céu. Em frente a joalheria Tiffany havia um "snowman" gigante, com olhinhos, sorriso e cenoura no nariz.

O Central Park transformou-se, da noite para o dia, uma estação de ski e a Quinta Avenida sua pista expressa. Nada parecia de verdade, era como se tivéssemos tomado uma droga alucinógena e nos deliciássemos na melhor viagem. Uma viagem branca, cor da paz!

Um dia perfeito para o mundo ter se acabado.

Fabíola Martin de Souza Carvalho
Enviado por Fabíola Martin de Souza Carvalho em 15/01/2007
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