Casamento

Era um dia chuvoso, na verdade passara a noite chovendo. Sabe aqueles dias em que tudo começa mais lento, então, o dia começava assim; como que numa ressaca matinal. Arlete essa já havia saído, sempre saia antes do dia nascer direito, com o cantar dos galos gogos do Pereira. Eu ainda nem tinha me levantado quando me vem a cabeça aquele credor louco do sonho novamente:

O delírio

- Droga! Safado! Esse sacana me paga, ele vai ver só! Cof cof cof!. - Espalhando nicotina por todo lado. - Ele pensa que me engana? Mas não engana não! Esse filho da puta não perde por esperar.

O credor era um cara gordo, com uma camisa creme amaçada achatando o umbigo imponente e uma calça de linha preta que quase não abarcava a cintura desprovida de boa forma. Acendia um cigarro atras do outro, um no outro, parece que pra não perder tempo. No cinzeiro de louça, presente que a esposa lhe trouxera do Paraguai, um amontoado de pitucas e em toda a sala uma cortina de fumaça deixando o ambiente ainda mais fúnebre. O sujeito olhava uma pasta preta com alguns documentos e não estava com cara de muitos amigos. De repente pega o telefone e disca com um lápis para um número que constava em um dos documentos da pasta.

O susto

- TRINNN! TRINNNN! TRINNNNN!

Acordo com um susto tremendo, a campainha do telefone toca desesperadamente e aquela hora da madrugada; 6:15 da manhã qualquer ruído é o fim do mundo. Arlete sai do banheiro e atende o telefone:

- Alô? Alô? Ficou mudo. - diz, pondo o telefone no gancho e voltando a se pentear ainda nua.

O fato

Aquilo ficou em minha cabeça será que foi realmente o credor quem ligou? Mas como eu... não to ficando louco não tem ninguém atrás de mim, quer dizer até tem, mas não chegaria a esse ponto.

Arlete sai de casa e entra em um carro importado na esquina de casa, realmente não foi o credor quem ligou, mas o amante de Arlete que a encontra todas as terças-feiras antes do trabalho.

Geison Correia
Enviado por Geison Correia em 19/01/2007
Reeditado em 19/01/2007
Código do texto: T352692