AMOR FATAL

 
Ele ainda era menor de idade – devia ter uns 17 anos – quando teve a sensação de que sua vida não tinha mais sentido. Problemas em casa (pai alcoólatra e a mãe um tanto desnaturada), fracassos na escola, falta de dinheiro, perda da namoradinha de infância de forma trágica, foram “apenas” alguns fatos que lhe tiraram a esperança e o respeito pela vida. Chegou a um ponto em que não sabia mais como lidar com tudo isso.
 
Até que, subitamente, foi apresentado a ela. Quando a viu pela primeira vez, ficou um tanto assustado, mas acreditou que a relação poderia dar certo. No começo só se encontravam nas noites de sexta-feira e domingo, quando o contato era de pura euforia e uma alegria sem fim. Tornara-se até mais corajoso para enfrentar os problemas que a vida lhe tinha imputado. A ansiedade pela chegada dessas noites era imensa, quando finalmente iria encontrá-la. Mas, no final do domingo, batia uma forte depressão pela sua ausência. Afinal, seriam cinco longos dias sem vê-la, senti-la. Com o passar do tempo, passou a encontrar-se com ela também nas tardes de sábado. 
 
Quando se deu conta, não conseguia mais viver sem o seu contato físico. Afinal, sua presença era cada vez mais estimulante, causando-lhe alegria, euforia e também esperança, muita esperança. Passou por cima de todas as barreiras e começaram a ter contato físico diário. Deixou de frequentar a escola regularmente para ir a esses encontros furtivos. E ela o aguardava ansiosa, porém tranquila, pois era certo que ele não faltaria.
 
Quando ela o deixava após cada encontro, ele sentia um enorme vazio e logo saía a sua procura. Desesperado, aflito, meio fora de si. Muitas vezes não a encontrava e aí vinham os pensamentos negativos, do tipo: “nunca mais vou vê-la”. Começou a sentir até uma imensa falta de seu cheiro. E foi aí que achou que precisava de ajuda para tentar esquecê-la. Tentou de várias formas, mas sua força era avassaladora, e não conseguiu deixá-la e nem esquecê-la, até porque ela é perversa, insistente e desprovida de pudores e sentimentos.
 
Acabou escrevendo um bilhete endereçado a “quem encontrar meu cadáver, pois não consegui vencê-la... maldita cocaína”. 

 
 
Baseado em texto do Dr. Bruno Pompeu
 

 
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