O NINJA

Perto da casa do Robinho tinha uma garotada que infernizava a sua vida. Ele jogava pedra, esbravejava e nada dos filhos dos seus vizinhos pararem de perturbá-lo. Para piorar a situação, a cambada subia numa escada para xingá-lo.

Depois de pensar num modo de acabar com aquela implicância, o homem resolveu dar um sumiço na escada.

Ele esperou a madrugada chegar, vestiu uma roupa preta, colocou a máscara do Ninja, um revólver na cintura, pois seu bairro é perigoso, e pulou o muro da casa ao lado. Em seguida, pegou a escada e saiu pelo portão.

Ao virar a esquina e dar de cara com o carro da radiopatrulha, ele correu em direção à praia, jogou a escada no mato, pulou na água e deixou a maré o levar.

Enquanto isso, chegaram mais três carros da polícia e jogaram os faróis no lugar onde ele havia mergulhado.

Já distante, Robinho saiu do mar, tirou a camisa e a máscara e foi para sua casa. Daí a pouco, a rua encheu de soldados e de curiosos.

Da janela do seu quarto, no andar de cima, o “Ninja” acompanhava toda a movimentação, morrendo de rir da carinha das crianças apavoradas e lastimando o roubo da escada, que eles gostavam tanto.

O pai de um dos traquinas, olhando para a casa do vizinho, disse ao policial:

-Acho que o assaltante pulou este muro.

-Vou verificar agora.

Ao enfiar a cabeça na grade do portão, quase foi degolado por um Pit Bull.

-Aqui não é. Este cachorrão não deixa ninguém entrar. Vamos procurar mais adiante.