A LERTA..........................

Não podemos negar que sábias são as palavras dos nossos antepassados e como dizia minha avó “ninguém é melhor do que ninguém” por isso quando baixou em mim a arrogância a audácia de achar que eu sou eu posso eu faço eu compro foi exatamente aí que despenquei de vez. O tombo foi feio e acabei quebrando a cara...

Estava no auge da minha juventude e beleza faculdade, uma legião de garotos aos meus pés corpinho enxuto dinheiro, enfim tudo conspirava a meu favor. Estava com a auto estima tão alta que

não olhei pra baixo e pisei em meus amigos, meus parentes e magoei muita gente esnobava meu corpinho deixando as meninas gordinhas sem graça, exibia meu crossfox blindado e ria dos carros dos outros chamava-os todos de lata velha ou banheira... kkkkkk! Depois em alto e bom tom a gargalhada, estava tão na minha que não percebi que a cada dia eu estava sozinha, fui parando de ir a festas, reuniões de famílias barzinhos, viagens com amigos, e quando ficava sabendo tinha acontecido uma coisa qualquer entre eles e ninguém me convidara... fui notando que não conversavam mais comigo evitavam-me e quando eu chegava ficavam sem assunto. De repente se eu reclamava que não estava sendo avisada para tal festinha um dizia: “Foi coisa simples não ia lhe agradar” “foi festa de pobre” “não tinha luxo” de vez ou outra ouvia... “Vai procurar sua turma os do champanhe e caviar aqui é churrasquinho”.

Um belo dia de domingo sem amigos nem nada pra fazer nem pra onde ir, comecei a lembrar das risadas com as meninas das paqueras na praça do cachorro-quente na barraquinha do seu Juca.

Senti saudades um vazio uma tristeza me pegou naquela hora. De que adianta tantas roupas sem ter pra onde ir, tantas jóias sem que ninguém admire carros, dinheiros, onde estão todos? (digo todos os meus não esse bando de falsos amigos que me cercam.) Com certeza divertindo-se nesta bela tarde e com a mesma certeza nem se lembrando de mim, pois já não fazia parte do mundo deles, e o mundo do qual eu estava vivendo não conseguia encontrar amizade verdadeira entre aqueles que me rodeavam eu sentia que cada olhar era sem enxergar cada sorriso era gelado e pura pose, cada abraço não tinha calor e os apertos de mão era certo de que se eu não tivesse grana eu não estaria ali, foi assim que entrei no meu possante e fui visitar minha velha e querida avó, que estava na varanda vestida com um vestido de chita e sentada numa cadeira de madeira crua, vovó estava de olhos fechados mas com um sorriso nos lábios, olhei a casa dela tão pobre com lindo e simples jardim, e ela sorrindo... Me deixei deitar a cabeça em seu colo e me pus a chorar, ela fazia cafuné nos meus cabelos, contei o motivo da minha tristeza vovó disse: - Desce do pedestal minha filha, pois ninguém é melhor do que ninguém, pra ser feliz não precisamos de coisas e sim de valores.

Fui pra casa melhor que antes senti-me de alma lavada e depois de um gole de café forte peguei o telefone e liguei para as meninas...

- Alô! Selma, oi querida como você está tudo bem? Quanto tempo! E como vai sua mãe ela melhorou da enxaqueca? Nada Sel só estou ligando para dizer que estou morrendo de saudades. Aparece aqui quando puder. Abraço meu em todos aí e um especial pra você.

E assim fiz com todos meus amigos que depois de alguns telefonemas não ficaram um só dia sem me dar atenção e carinho.

Que bom, acordei a tempo.

Lee Nunes
Enviado por Lee Nunes em 09/04/2012
Reeditado em 10/04/2012
Código do texto: T3603465
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