A fábrica de Destinos

Agora pouco um menino que por aqui passava me perguntou:
_Moço! O senhor sabe onde fica a fábrica?
_Que fábrica, menino?
_ A fábrica onde se fabricam destinos?
Então me pus a pensar... “Fábrica que fabrica destinos...”
Sem chegar a nenhuma conclusão lógica, respondi:
_Sinto muito garoto, mas nunca ouvi falar nessa tal fábrica.
Nessa hora percebi um sorrisinho maroto e fugaz no rosto daquele menino. Entretanto, antes que eu o reprimisse ele foi logo soltando a voz.
_Não era de admirar que o senhor não soubesse onde fica a fábrica que fabrica destinos, pelo jeito importante com que o senhor se veste e fala, num deve saber nem como a vida acaba.
_Oh, garoto! Mais respeito viu! Eu poderia ser seu pai!
_Poderia não, o senhor é o meu pai.
_ O que foi garoto... Ficou louco é?
_Ainda não!
_De onde você tirou essa historia de pai?
_Do mesmo lugar de onde eu tirei a história da fábrica, uai...
Em seguida, o menino retirou de dentro das calças uma faca enorme e com um olhar que não se parecia em nada com um olhar de menino, foi mandando:
_Anda, pai! Passa pra cá a mesada! Anda... Ou vai querer que eu lhe mostre como é que a vida acaba?
Entreguei a carteira, o relógio, o celular e uma pulseira de ouro bem fininha que eu usava em volto do pescoço.
Ainda perplexo com a calma e a ousadia daquele menino, fiquei observando imóvel, enquanto ele corria e de distância em distância gritava:
_Tchau Pai!...Tchau palhaço!