Não era uma consulta, estava ali para receber um pedido de exame. Seu médico dizia ter mais confiança  nos exames feitos pelo Estado do que em laboratórios particulares
 Às 12, 30 h  estava no corredor de espera do hospital, rodeado de pessoas muito pobres e algumas evidentemente muito doentes. As condições da sala e do atendimento deixavam claro para que tipo de pessoas são pensadas. Algumas cadeiras quebradas, o buraco da televisão lembrando que ali era para ter um televisor e um projeto de ar condicionado que quem sabe um dia funcionou. Os médicos ou médicas gritavam de dentro dos consultórios o nome das pessoas que ali de fora escutavam e então entravam para ser atendidos.  Ele esperou do meio dia e meia até quatro da tarde. Cumprimentava quem entrava e quem saía e pensava - como é só para me dar um papel de pedido de exame, vai ser rápido. Não foi e quando foi atendido às quatro da tarde, foi cumprimentado e recebeu o papel como se aquela espera fosse a coisa mais natural do mundo. Deve ser mesmo naquele dia a dia.
 Então compreendeu que tinha de baixar a bola e admitir que afinal tivera a graça de se sentir pobre  no meio dos pobres. Reclamar de que?