Doping Climático: meu recorde pessoal na Maratona do Rio 2012

A Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF, em inglês) tem regras claras para a homologação das melhores marcas em maratonas. São basicamente duas: 1. largada e chegada não podem ficar muito distante uma da outra; 2. não é permitida diferença acentuada de altimetria no percurso. A regra tem bons fundamentos. Inibe vantagens com o vento e impede um circuito predominantemente em descidas.

No Rio, uma quebra de recorde não seria oficializada no circuito onde corremos. A centenária maratona de Boston também não respeita os critérios. Lá, a altimetria é de subida. Em 2011, o vento levou o vencedor a fazer a melhor marca de todos os tempos, 2h 3min 02s. Não virou recorde mundial. Na expressão local, o vento na direção certa pode deixar a temida Heartbreak Hill “plana”.

No último domingo, ventou forte na orla carioca. Ter condições tão favoráveis em uma maratona é raríssimo. Uma oportunidade que deve ser aproveitada da melhor maneira: acelerando o máximo possível. Chuva em alguns momentos, poças e alagamentos em muitos trechos. Não era exatamente confortável, mas ajudava a correr rápido. Nos últimos quilômetros, não tentei aumentar muito a velocidade. Mantive o ritmo já rápido. É preciso respeitar a distância da maratona. Arriscar nessa quilometragem não é como exagerar em provas até 21km. Em distâncias menores, uma “quebra” significa eventual redução de velocidade. Os 42,195 km punem até mesmo experientes atletas profissionais, que podem ser obrigados a caminhar. Não queria o risco. Ao menos não naquele dia. Acelerei pra valer apenas nos 200 metros finais, quando o público incentivava muito e eventualmente gritava o meu nome, impresso no número de peito.

Não sou tão rigoroso quanto a IAAF. Tenho um novo recorde pessoal e ponto final! Sim, alguns minutos a menos foram graças ao vento. Estava preparado para tentar superar a barreira das três horas e meia. A diferença para as 3h 22min e 11s que registrei, atribuo ao clima propício e à ajuda em forma de empurrão que recebemos. Melhorei meu melhor tempo em 23 minutos e 33 segundos! Com algum doping climático e com muito esforço. Um feito que deve se manter como referência por muitos meses ou anos.

ARunning
Enviado por ARunning em 12/07/2012
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