NUNCA É TARDE! - Cápítulo XXII

CARO(A) LEITOR(A) ESTE CONTO É ESCRITO EM CAPÍTULOS. PARA MELHOR ENTENDER A HISTÓRIA, SUGIRO A LEITURA DOS VINTE E UM CAPÍTULOS ANTERIORES. UM ABRAÇO. MARIA LÚCIA.

Marina continuou a história:

- Diz Jó que mãe e nóis tudo ficou muito adimirado, que naquele tempo, muié era só pra fazê comida e cuidá dos fios, num saía assim vestida de home, montada a cavalo sozinha pelas fazendas.

- Ela falô: "Eu me perdi e não sei voltar, eu estou procurando seu Bento do Furrió, dizem que mora por essas bandas, mas eu perdi da estrada e vim parar aqui, como o sol já está baixo, eu tenho medo de ficar de noite e não ter onde pousar".

- Num tem portância, não, moça, pode entrá e desarreiá. Juquinha, leva o cavalo da moça pro pasto. O pasto está muito ralo, mais dá pra ele passá a noite. - falou mãe toda hospitaleira com a tar moça.

- Naquele tempo, dona Francisca, num tinha a mardade de hoje não, quando chegava argum desconhecido, a gente tratava como se fosse tente de casa, dava água quente pra tomá banho, dava comido do bão e do mió, matava frango e tudo, dava cama boa pra dormi, tratava como rei. A muié entrou, sentou no banco da sala, nóis sentou tudo lá perto e mãe foi prepará café pra ela. Ela começou a conversá com nóis, deu uns brinquedinhos pros menino, era uns boizinho de bronze e umas bonequinha de louça, Jó disse que nóis tudo ficou doidinho com a moça.

- Onde está seu pai? - ela perguntou pro André.

- Ele foi na casa do meu padrim.

- Óia o café, a senhorita deve está com fome. - entrou mãe na sala com o café e bolo pra tar moça. Ela muito educada, agradeceu e tomou o café. Pelo visto parecia que não tinha comido ainda naquele dia. Nisso pai chegô. Chegô na porta a cavalo, o cavalo refugô, rinchô, levantô as pata e quais que derrubou pai.

- Ué! Esse cavalo passarinhô com arguma coisa, engraçado, ele é tão manso!

- Nóis tudo admirô o Baio fazê aquilo, ele era cavalo que quarqué um montava. Pai acarmô o cavalo e foi entrano. Obsrvô aquela cena na sala, uma moça tão bonita vestida de home, de bota até no joelho e tudo.

- Óia Zé, a moça chegô aqui, ela tá com medo de anoitecê, ela tá perdida, tá procurando um tar de... como é mesmo, moça, o nome dele?

- É seu Bento do Furrió, dizem que ele mora por aqui, mas eu não acertei a fazenda dele.

- Nunca ouvi falá nesse não, moça, não é aqui por essas banda, que aqui eu conheço todo mundo, mas a senhorita posa aqui e amanhã a gente ajuda a senhorita encontrá a estrada.

- Está bem, eu agradeço muito a todos.

- Como falava Jó, ela tinha uma voz maciinha e de vez em quando saia um vozerão que assustava todos, mas ela raspava a garganta e vortava tudo o que era antes.

Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles
Enviado por Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles em 12/02/2007
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