Meu Amigo Morador de Rua

- Hoje, avistei ao longe o Renato. Logo, percebi que diferente das vezes em que o vi, ele se demonstrava um tanto indignado, o que era evidente através de suas palavras, munidas de insatisfação.

Renato, tem despertado a minha atenção. Pela sua praticidade e pontualidade. Sempre no mesmo horário e caminhando num ritimo lento, sem muita pressa, percorre as ruas Manoel Macedo e Araribá todos os dias, vez ou outra pára em algum lugar, para descansar.

São três locais em que ele, como é de praxe; entra para ouvir uma mensagem de esperança, e receber uma prece em seu favor. E a IBL, tem sido o seu compromisso cotídiano, pela coincidência de horário em que o mesmo, transita por ali.

Ele causa curiosidade das pessoas, pela sua maneira simples de se vestir. Embora maltrapilho e cheirando mal, ele tem atraido a minha atenção. Não pelo fato, de viver uma vida pobre e pela sociedade rejeitado.

É que o Renato, numa longa conversa que tivemos. Me relatou com lucidéz coisas relacionadas a sua vida e maneira de viver, que provocou em meu coração admiração e respeito.

De boa articulação com as palavras, e conhecimentos acerca de ensinos Sagrados, que tem o poder de transformar vidas. O que aprendera ainda criança, atraves de ensinos e influência de pessoas que havia adotado-o.

Oito anos dormindo no mesmo lugar, ao relento. Embora na soma geral ultrapassa muito mais que isso. É que, o Renato é morador de rua. E que, apesar de uma vida dura, de muito sofrimento. Junta latinhas e faz outros "bicos" para com dificuldades se manter.

Incompreendido e rejeitado, são poucos que se atrevem à aproximar-se dele para uma conversa. Mas, num ímpeto que parecia ser planejado o Renato anda vagamente e senta-se ao meu lado.

Desabafa; reclama com certa grosseria! A ponto de chamar a atenção de pessoas que por ali transitavam.

"Renato! O que está acontecendo pra voce ficar bravo assim..." - Foi esta a minha indagação, no que ele prontamente respondeu, que estava chateado, pois alguém o havia distratado, ao falar mal de moradores de rua.

Enquanto conversavámos, um amigo se aproxima para cumprimentar-me, tendo em suas mãos pães que cuja intenção era levar para casa, decidindo doar para o pobre Renato.

Ele se recolhe; e assentado numa calçada, demonstra grande fome na sua maneira apressada de aquele pão comer. Apressei-me a oferecer-lhe um refrigerante, o que ele aceitou prontamente.

Tendo saciado a sua fome, Renato se afasta em direção a sua inusitada e desumana morádia, entre uma multidão... que injustamente o julga, sem conhecer muito acerca de sua vida e pessoa...

Autor: NIVALDO DUARTE

Nivaldo Duarte
Enviado por Nivaldo Duarte em 21/07/2012
Reeditado em 04/08/2012
Código do texto: T3789762
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.