Declives E Aclives...Ano 2002

O ano de 2002, foi realmente um ano de declives e aclives em minha vida...

No início do referido ano, comecei a sentir uma irritabilidade inexplicável em minha vida.

Tudo me incomodava...

Ao chegar na janela da minha casa, e ouvir tantos palavrões ditos por um rapaz da nossa cidade, deixava-me indignada.

Comecei a observar o que levava aquele môço a chingar tanto.

Com tristeza, constatei que ele chigava, pois as pessoas mexiam com ele.

Por ser negro e muito alto, era chamado de cachorro.

O comparavam com um cachorro de cor negra, e muito grade também.

Comecei a sentir a dor do ofendido, e defendê-lo.

Com isso, passei a brigar com os jovens que o apelidavam.

Meu irmão ficou preocupado comigo, e me disse que eu iría conquistar vários inimigos.

Falou-me que de nada adiantaría defendê-lo só diante da minha casa, pois as pessoas mexiam com ele por toda a cidade.

Passei a tentar me controlar, mas era muito difícil ouvir um ser humano ser tratado como um animal.

Um ser disprovido de beleza exterior, e interditado por ter uma mente de criança...

Muito difícil conseguir segurar os gritos em defesa daquela criança grande...

Em meados de 2002, resolvi procurar a ajuda de uma psicóloga.

Quando ela me perguntou o motivo da procura pelos seus serviços, eu lhe respondi que estava brigando muito com as pessoas da minha cidade.

Contei-lhe o motivo, e ela me disse exatamente o que meu irmão havia me dito.

Perguntou-me se em minha cidade havia algum jornal , e orientou-me a escrever um artigo bem comovente , que pudesse vir a sensibilizar a todos que tinham o costume de mexer com ele.

Gostei da idéia , e escrevi o meu primeiro artigo.

Comecei a perceber que Georgino já não chingava tanto.

Na semana seguinte, ela me perguntou o que mais me incomodava em minha cidade.

Falei das tantas mortes causadas por câncer, em pessoas que não bebiam e nem fumavam.

E que eu achava que era devido a falta de opção para as pessoas viverem uma vida mais alegre. ( A rotina ).

Seguindo seus conselhos, escrevi mais um artigo.

Na terceira semana, eu falei da minha angústia por viver em uma cidade tão pequena, e dividida por inúmeros partidos.

Contei-lhe que as pessoas passaram a não ter nomes própios, e eram apontadas por números.

O terceiro artigo, entitulei de "Pequena Sociedade Dividida ".

Comecei a me sentir melhor.

Quando ela leu o quarto artigo, ela me disse:_ Maria. Você guarda tudo isso que escreveu, pois estou vendo a possibilidade de você vir a ser uma escritora.

Me espantei com as palavras dela, e achei infundada tal possibilidade.

Pensei:- Escritora com tão pouco estudo ...

Mas aquelas palavras ficaram marcadas dentro de mim.

E em 11 /11 / 2002, escrevi o meu primeiro poema, e a minha primeira peça teatral. ( Comédia).

No dia 29 /11 / 2002, eu me encontrava em cima de um palco, juntamente com o Grupo Teatral Terapia Do Riso, fazendo a primeira apresentação em nossa cidade. (Grupo criado por mim ).

Tivemos um público de mais de trezentas pessoas, e conseguimos conquistar, e arrancar boas gargalhadas.

Minhas brigas acabaram, e com isso, eu consegui buscar para dentro do meu coração, a minha alegria.

A alegria que eu não via nas pessoas.

Dra. Sther Couto da cidade de Valença. Est. do Rio ! Grande profissional que chegou em minha vida, para me fazer ver a vida que eu não estava vendo !

Helena Alves

Rio Preto-MG

Maria Lamanna
Enviado por Maria Lamanna em 26/07/2012
Reeditado em 15/08/2012
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