BELA IDEIA

Foi numa feira de artesanato de praia, que minha filha teve a bela idéia de comprar um móbile engraçadinho – um marimbondo de arame – com aqueles óculos imensos, saindo de seu gorro e umas pernas magri-celas feitas de arame preto.

Seria, de fato, um marimbondo ou uma abelha gigante?

Só sei que de volta das férias, em nosso apartamento, ela alegremen-te, escolheu o lugar de honra para seu bichinho, a pequena janela do nosso quarto. Onde ele encontrou a liberdade pendurado próximo às bri-sas alegres que arejavam o quarto e às belas paisagens dos prédios vizinhos e jardins laterais.

Alguns, poucos, anos se passaram. Nós duas trabalhando muito, pouco parávamos em casa. Um belo dia de folga, quando estava dei-tada em minha cama observei um pequenino inseto, voando na janela rodeando o gigantesco móbile (em desproporção ao pequenino tamanho). Logo em seguida ele foi embora, para voltar na semana seguinte.

A cena repetiu-se algumas vezes de novo. Chamei minha filha e rimos bastante com o amor do imaturo voador, marimbondo fêmea ou macho apaixonado.

A pequenina presença tornou-se rotineira. Ele quase virou um mora-dor local - um agregado, diria Machado de Assis. Até que num final de tarde de verão, não sei se minha filha estava um tanto sonâmbula,após um cochilo ela lutou com uma barata voadora, ou besouro que veio em direção de seus cabelos.

Assustada com os seus gritos fui ver o acontecia e vi o pequenino amante caído ao chão, vencido pela toalhada.

Ela quando viu o pequenino voador moribundo desatou a chorar in-consolada, por tê-lo confundido com outro vilão. Quando percebi, nós duas chorávamos muito com aquele trágico final de amor, tal qual outra uma cena de Shakespeare.

anna celia motta
Enviado por anna celia motta em 06/08/2012
Reeditado em 24/07/2013
Código do texto: T3816267
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