Capitulo XV

Numa dessas conversas de John com a barata Rita, se deparou relatando como foi que conseguiu esquecer aquela pessoa que mai uma vez parecia ser a correta, aquela que naquele momento em que ninguém mais conseguia arrebatar seu coração, apareceu aquele alguém que sem querer, sem se esforçar e sem pretenções fez o coração de John palpitar como jamais antes havia acontecido.

John acabara de chegar em casa, se encontrou novamente em seu delírio ao ponto de conversar com uma barata que morava em seu apartamento. O delírio começou após depois de alguns meses sem ver a tal pessoa, se encontraram, e como foi ridícula a tentiva que ela teve de ignora-lo.

-Rita , educado em sempre fui, então caminhei para comprimentá-la, mas foi só isso, foi um simples “e ai tudo bem?”. Isso eu já poderia esperar, mas no fundo eu esperava algo mais. Uma conversa pelo menos, sei lá, nem que fosse uma tentativa frustrada de esclarecer algumas coisas. Mas não aconteceu.

Após esse relato John percebeu que o real motivo para o novo delírio tinha outro cerne, não a tentativa de ignorar, ou o comprimento frio nem mesmo o fato de não haver uma conversinha sequer sobre o que havia acontecido ou de como seriam as coisas.

Mas o que incomodava de verdade era: como podai duas pessoas que por um tempo eram tão importantes uma pra outra. Pessoa que se falavam o dia todo, mesmo quando não tinha assunto, o que já era raro. Ele se perguntava exaustivamente como poderia depois disso tudo, essas mesmas pessoas simplesmente não falarem nada uma pra outra. O que outrora foram abraços calorosos e confortantes, o que em outro tempo foram beijos deliciosos, hoje não era nada. Ou quase nada. Apenas um comprimento frio. Como seria isso possível? – foi o tempo que fez isso com agente? – se perguntava ele.

Não cansava de pensar, e de repensar, mas sempre chegando a mesma conclusão: isso não faz sentido. Como alguém importante deixa de ser importante? Como aquela atração se vai? Seria a culpa do tempo? Não o tempo só faz o papel dele mesmo, que é apenas passar. Mas se não é do tempo, de quem seria a culpa? Existem culpados nisso? Mas como poderia não ter culpa uma coisa absolutamente ruim? Novamente nada fazia sentido para John. Viver era um mistério.

E por Deus, isso é uma coisa que faz parte do cotidiano de todos. Todos tem alguém que um dia foi importante e deixou de ser. Mas isso não é bom. Deve haver algo de errado com o mundo pra isso se suceder assim. Algo deve ser concertado pra isso não aconteça mais. Precisamos entender pra não permitir que aconteça de novo.

Divórcios acontecem todos os dias!

Rita observando o amigo envolto em tão conturbado pensamente divagou:

- O tempo não tem culpa de nada, na verdade ninguém tem culpa de nada. Se houvesse culpa alguém deveria ser condenado. Mas pelo que vejo não há condenados.

- Como não há condenados? Sua barata estúpida! ”Não vê que estamos condenados a nunca mais fazer nada de bom um para o outro? O que outrora era só que fazíamos. Você é realmente um inseto. “

Então podemos dizer, que há culpa dos dois. Os dois que se queixam (e sim, ela também deve se queixar de algo), são exatamente os dois que fizeram com que tudo isso acontecesse.

- Caro John, tentar me ofender não vai mudar nada nessa situação. Apenas penso comigo: se ambos estão condenados, necessáriamente temos dois culpados. Não das mesmas coisas, mas é obvio que de alguma coisa você tem culpa, e claro que ela também. Afinal quem pode dizer que nunca fez o que não deveria, para alguém o qual queria nunca ter nem mesmo discordado dela, apenas por pensar que isso poderia afasta-la. Mas isso acontece porque todas as pessoas precisam ser o que elas são. Nada mais que isso. E se existe uma coisa que todos VOCÊS humanos são é egoístas, alguns de forma diferente, mas todos são. Até mesmo o ato mais altruísta já conhecido pela humanidade teve a pretensão de satisfazer o próprio ego, nem que seja a vontade de ser altruísta, essa necessidade de provar a si mesmo que não é egoísta, já o torna extremamente egoísta.

Mas sem fugir do cerne da questão, o principal que podemos discutir é que, sendo apenas o que elas podem ser, todos machucam a todos com quem tem algum tipo de proximidade.

-Então você está me dizendo que na verdade temos, a atitude de machucar os próximos, como uma de nossas atividades? É isso que está tentando me dizer?

-Sim e não. Sim porque, se levarmos em consideração que isso é feito, então é uma tarefa realizada, não porque não é feito com essa intenção. Mas o fato de não ter essa intenção não muda o fato de ter sido feito. Então a grande pergunta é: como lidar com tudo isso? Como lidar com as frustrações que as pessoas próximas causam umas nas outras? Novamente todos tem o próprio jeito de lidar. O que resolve esse problema, eu resumo em uma simples frase: A forma que duas pessoas lidam com suas as violências mutuas entre si, necessita ser compatíveis entre si.

Continuou o inseto:

Se isso acontecer, essas pessoas vão se tornar cada dia mais importantes uma pra outra. Mas se pelo contrario, não houver compatibilidade, ou uma compatibilidade extremamente limitada. A tendência é criar mais valor pra as feridas do que pro que realmente é importante. E quando isso acontece, podemos dizer que o importante deixar de ser importante. E assim o que era bom deixa de ser, e se faz necessário que haja distancia entre essas duas pessoas. Pra que não se machuquem mais. Estabelece-se assim uma zona de proteção. E isso serve de lição pra próxima pessoa que importante. E se dessa fez for compatível, ainda contará como reforço de saber certos limites. Todos aprendem com a dor e a luta. Isso faz de você uma pessoa mais compatível com outra pessoa. E nesse caso não podemos condenar o tempo, pois ele se torna o grande aliado dos que precisam sentirem-se confortáveis.

Pra terminar Rita disse:

Então hoje, quando você apenas cumprimentou-a, e ela tentou de ignorar. Você estava dizendo pra ela, essa é minha zona de segurança não vou dar minha cara a tapa por você nunca mais. Já ela dizia que a zona de segurança dela era fingir que você não existe. E você, seu grande egoísta., violou . Ela não estava segura com essa situação. Sinta-se culpado humano. Porque mostrou mais uma vez todo o seu egoísmo fazendo o que lhe pareceu melhor, ou melhor dizendo, fazendo o que a sua educação te ensinou.

-Barata estúpida, pensa que sabe tudo. Se violei é porque, isso é tudo que uma pessoa como eu poderia fazer. Porque eu só posso ser o que eu sou, nada mais que isso. Se sou egoísta, que assim seja.