A princesa do oriente

Das areias do oriente, fugida de guerras e dificuldades das arábias, uma família buscou nas terras verdes de um país longínquo o abrigo, levando sua filha pequena se fizeram então, com muito suor, um pequeno império no ramo de decoração. Um misto de arte oriental e fibras naturais, cores fortes da terra quente que os recebeu e das suas, causava a quem apreciasse quase um torpor místico. A maciez das malhas, o fofo das peles, os detalhes na madeira e a essência de força de uma família batalhadora.

A moça de tez morena e olhos amendoados, com o aroma forte das ervas que perfumavam todas as gerações de mulheres de sua casa, que mantinham o amadeirado e o adocicado na medida perfeita, de modo inebriante, atraia todos a seu redor. Silenciosa, misteriosa, com modos finos, um andar dançante com ancas moldadas em meio ao tecido fino e belo, que mantinha certa transparência encantadora.

Quando herdou o controle de parte da rede de lojas e se viu tendo de ser uma mulher de negócios, trocou as roupas leves por ternos, e as sandálias e sapatilhas por scarpins, trocando o andar hipnotizante por formais. Dentre fornecedores, compradores e outros homens, se viu observada por um homem. Claro, cabelos negros, um jeito falastrão, sorridente, articulado, gostava da atenção, e isso desde o inicio a irritou, algo entre um desejo de contrariar pelo prazer de fazê-lo, pois era seu oposto, de tão inquieto desconcentrava sua linha de raciocínio, a desafiava com os olhos! Parecia sempre ter um sorriso de escárnio, um bufão que sempre tenta arrancar um risadinha tola. Em um intervalo de reunião, ousou lhe dirigir a palavra:

-Olá princesa do oriente.

-Olá.-disse secamente.

-Seu pai, grande homem- parou por um instante- deve se orgulhar de ter uma filha tão digna de carregar o nome da família.

Disse aquelas palavras com tanta seriedade que a comoveu, a sinceridade coube em cada nuance de seu tom de voz, e se viu encantada com aqueles olhos, e desejou, como jamais poderia supor aquelas mãos, sempre tão expressivas, acariciando sua pele.

Em um lampejo de sanidade, voltou a si, e para a reunião, e se afastou dele rápido. Quando voltava para casa, mais tarde, sentiu algo dentro de si se mover, um desejo inominável por aquele homem.

O destino, malicioso e sempre certeiro o colocou em seu caminho dos modos mais aleatórios, como se estivessem sendo magnetizado, em prédios que nenhum dos dois tinha nenhum negocio se viam no elevador, algo dentre reuniões que acontecia em proximidades, restaurantes e cafeterias, se viam tolamente se esbarrando pelo mundo, e se perguntando se um perseguia o outro, ou se havia um recado divino em tudo aquilo.

Naquele dia, chuvoso e cinza que vislumbrou extasiada aquele rosto, foi surpreendida por um convite para sair. Aceitou, com entusiasmo, claro que como sempre era ponderada e séria, provavelmente só mostrou um pouco de interesse.

As palavras fluíam, gostavam de muitas coisas em comum, viam os mesmos filmes, liam os mesmos livros e ouviam as mesmas canções, não com exatidão, mas admiravam coisas de um mesmo tipo, tinham a mesma sede de arte, e um silencio repentino ficou entre os dois. Não era porque comiam, mas sorte que comiam, afinal, de repente aquilo deixou de ser somente um encontro...

Se viu, pouco depois, na cama com aquele homem, louca, desejando do kama sutra aos mistérios mais profundos do desejo, queria ser uma Súcubos, queria se extasiar, ate morrer naquele corpo, ser apenas um ser pulsante que sente e goza, a luxuria encarnada em seu âmago, em cavalgadas e gemidos, suor e tapas, se amaram feito pagãos. Ensandecidos, se acabaram, e conversaram, e adormeceram perdidos nos braços um do outro, e quando o sol os acordou no dia seguinte, o universo acabara de entrar em uma nova era, e o mundo foi tomado pela poesia, pela musica, e o aroma perfumado das peles jamais foi o mesmo, e cada noite, e em mais de mil e uma noites se amaram, descobriram e dividiram o mistério do encontro.

T Sophie
Enviado por T Sophie em 24/08/2012
Reeditado em 10/12/2012
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