O MACACO
- Droga!!!
- O que foi, seu Teófilo?
- O raio do pneu furou e não tenho macaco pra trocá-lo!
- Como não tem? O senhor não comprou um na semana passada?
- Comprei, Tiziu, comprei, mas me roubaram outra vez!
- Puxa! Já é o segundo que roubam e o senhor não vai fazer nada?
- Desta vez não vai ficar assim. Vou saber quem é o safado que me roubou. Você conhece aquele pembeiro da rua do Jenipapo?
- Sei. É o seu Filisbino.
- Dizem que o velho é fera e que descobre tudo. Desta vez, recupero o meu macaco ou não me chamo Teófilo.
No outro dia.
- Bom dia, seu Filisbino.
- Bão dia. O quê ocê qué com o véio, meu fio?
- Só uma coisa: quero saber onde está o meu macaco que foi roubado.
- Deixa aí vinte mirreis pro véio comprá vela e vorta aqui dispois.
Na outra semana.
- E aí, descobriu onde o meu macaco está?
- Craro! O quê que o véio não discobri?
- Então, fala que estou louco pra ir buscá-lo. Ele está me fazendo uma falta tremenda, o senhor nem imagina.
- Não percisa se percupá, meu fio. Seu macaco tá aqui por perto mermo.
- Onde?
- Num circo, lodo dispois da ponte, na saída da cidade.
- Quem será o sem vergonha que me roubou?
- Peraí! Ocê me pidiu pra discobri o lugá que ele tava. Pra sabê quem é o ladrão é mais vinte mirreis. Vô tê que comprá mais vela.
- Deixa pra lá. O que interessa mesmo é encontrá-lo.
- Ele tá muito bão e bem tratadim. Dá inté gosto de vê.
- Bem tratado?!
- Sim, sinhori. Num farta comida prele.
- O senhor falou co-mi-da?!
- Oia, fio, o bicho tá marrado numa árvre bem arta, com uma bacia de banana perto e um monte de criançada brincano im roda dele.