Todo ar que respiro

Talvez isso significasse algo além do que se pudesse prever. Aos vinte anos, todas as pessoas acham que estão sendo enganadas por mim. Elas tomam suas vidas e verdades e querem impô-las a mim. Não posso sobreviver num mundo onde a verdade significa algo que você deva ser. Não! - Posso permanecer nessas escadas por mais dezesseis horas, então toda essa agonia se irá. Quando eu disse: "não, não é ele.", ainda sim ela me perguntou: "É ele?". Eu disse: "não, já disse que não é!". Então o sorriso dela se transformou em todo o ódio do mundo. Eu sei que esse desgosto passageiro que ela sente sempre vai ser alimentado pelas pessoas que se sentirem alienadas pela minha felicidade. Vai saber controlar esse pico de lucidez. Eu tenho vinte anos, e estou extremamente apaixonado por alguém que tem dois anos menos que eu. Nesse mundo, de hoje, significa como se ele não tivesse uma doença sexualmente transmissível. Acho que estou cansado de viver algumas coisas. Eu realmente deveria me deixar ser alienado, ou me deixo ganhar de alguma forma? Ela grita, apenas grita. É tudo o que ela sabe fazer. Então eu digo: "Você está completamente enganada. O que tem de mais? Não há, não há!". E tudo o que ela sabe fazer é gritar, e querer me ver longe.

Quando eu tinha quatorze anos, eu não podia escutar a respiração dela, que todo o céu se transformava em chamas. Hoje tenho sorte de poder controlar essas sensações. Nesse último inverno, ela ainda concordava com a minha felicidade, com a minha criatividade. Ela seria a mulher mais feliz do mundo se eu fosse, ainda o menino mais feliz do mundo. Então nos abraçamos. Ela me amava, me ama... Eu ainda não sei que sentido eu posso levar para os sentimentos dela. Estou longe daqui. Morto, como ela bem costuma dizer. Eu realmente queria encontrar um pouco de paz às vezes, nessa maioria de vezes. Eu quero estar só com a minha mente. Um mente violenta. - ... deixar de recolher toda a dor do mundo. Eu digo: "coitada!...", então ela se faz de coitada. Queria poder dizer que a tenho na minha. mas todo o momento ela se joga pra fora. Queria poder me conformar que não existe a felicidade absoluta como me foi declarado no livro da Katherine Mansfield. Estou só como ela. Ela vai se enrroscar para sempre em sua própria amargura. E eu sou ficar só, sem o que poder cultivar. Eu vou dizer que estou triste, que preciso me conformar. E ela vai dizer que perdeu outro filho. O primeiro filho se foi para nunca mais voltar... O primeiro filho não existe, o segundo agora também não. Então ela morrerá sem seus três filhos. Ela diz que precisa apenas de Deus, e eu digo que preciso apenas de mim mesmo. Agora eu durmo e acordo com os olhos inchados. Não tenho sorte em jogos. Esses jogos que os tutores costumam fazer. Esses jogos de infância. Mas agora estou morto. Morto para sempre. Eu não existo no coração dela. - Como os ultimos dois filhos. Então eles sempre estão tentando se vingar. E sei o quanto tenho perdido nesses jogos, mas uma mente violenta nunca desiste, meu corpo não me deixa desistir, e é por isso que me tranco por duas horas na escadaria e toda a minha violencia se vai. Nada está errado. Mas eu posso contar cada defeito... E tapar o sol com a peneira.

Yuri Santos
Enviado por Yuri Santos em 08/09/2012
Reeditado em 15/03/2013
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