SEDES leia e comente

PALAVRA DO AUTOR : Espero que gostem da história e de cada palavra contida nela. . !!

SEDE

- Que infernos! Qual o prazer?! Qual a graça que a vida vê no meu sofrimento?! Na derrota de suas próprias criaturas! Oras, é totalmente inegável. É tão absurda a maneira pela qual a eles riem de nós.[ Aos choros compulsivos] É tão humilhante, não pode ser!! Seria melhor a morte!!

No seu grande e confortável quarto do casarão, Lícia rasgava toda sua revolta e inconformidade regada por algumas muitas lágrimas. Estava envolta de ira e mágoa, mas como, leitor, poderia estar acontecendo isso logo com ela, logo com minha personagem que em si havia tanta esperança...Se transformara em algo totalmente paralelo a si. Estava vazio. Sombria. Lícia pega este copo com água próximo à janela, pensa em tomá-la...Lança fora pelo alto de sua janela toda a água. No mesmo momento, ela para e fita uma mendiga do lado de fora de seu grande e gradeado portão que estava lá, parada!

- Desgraçada!!Verme inútil. Quem dera os céus que esse pó estivesse morto e bem longe do meu portão. VOLTE PARA O SOLO FÉTIDO DE ONDE VOCÊ FOI CUSPIDA, SUA INCOVENIENTE!!! [ainda chorando muito] Não é, Emanuel?! Mamãe está aqui, e você, meu filho... Você está aí, não é?! Os médicos estão errados, todos estão errados. Eu sei. Dizia isso quando fora interrompida:

- Sr Lícia, a dona está bem?! O que houve? Ouvi os gritos.Dizia a empregada um pouco assustada.

- Nada, está tudo normal. Enxugando as lágrimas que escoriam. Agora vá.

-Sr Lícia, tem uma mulher lá fora no portão, parece que ela quer um copo com água.

- Pois não lhe dê! Me dê paz! ME DEIXE EM PAZ. NÃO QUERO MAIS SABER DE NADA. Para. E continua. Aliás, traga o maior copo que tiver e repleto de água, eu vou até lá. Não é isso que ela quer?!

Nesse ínterim de tempo, a mendiga esperava ansiosamente. Ao se aproximar do portão os olhares de ambas vão se perseguindo. Se encontram estão aí, leitor, frente a frente separadas por um portão gradeado.

- Quem é você?! O que você faz aqui?! Vá embora já, o mais rápido que puder. Deixe minha vida em paz, ao menos respeite minha dor.

- Desculpe, senhora . Me chamo Lígia, estou sem comer há dois dias, e sem beber água a há dias, se continuar assim eu morrerei, quando vi essa casa tão grande e bonita, pensei que pudesse ter um pouco de água. Não pude resistir.

-Oras, não é isso que você quer?[ mostrando o copo cheio de água a medida que a mendiga estende sua mão esquerda com tamanha expectativa] Pois não vai tê-la!! NÃO!( joga toda água no chão, que vai escorrendo para fora do portão) Você tem que morrer, assim como eu. Seja forte. É mais belo morrer de sede do que morrer de tristeza.

Lícia dizia isso olhando firmemente para Lígia, enquanto esta se curvou para lamber a água escorrida qual um cachorro com sede. Logo após ele se põe em pé, firme. E de costas, parada, para a dona desconsolada e diz:

-Não, senhora. Você está enganada, a minha morte não será causada por esta sede, mas por outras. Talvez a sede de que um dia o sol brilhará forte para todos os rostos, ou a de que os famintos e insaciáveis como eu , embora vivendo pelas ruas, encontrem algum coração bondoso para ao menos matar nossa sede e fome. Quando a fome aumentar e sede também. Eu sei que mesmo sendo esse verme que sou, inútil e sem valor, a minha esperança na vida de que um dia minha minhas sedes serão findadas com copo com água. Apenas com isso. Saiam essas palavras da fétida e pobre mendiga. Ela a começou a caminhar pela rua cheia de grande jaqueiras daquela bela casa, mas antes virou-se:

-Desculpa, dona. Por ter zombado da sua dor. Vai passar. Deu um leve sorriso e começou a andar.

O copo cai , Lícia agora de joelhos, derrama umas lágrimas, ao longe a mendiga caminhava e no céu lá no alto entre as árvores uma borboleta azul voava inocuamente e com intensidade seguindo Lígia, vai descendo até pousar nos seus ombros, ao fazê-lo ,a mendiga inútil cai morta ao chão e Lícia tudo contempla. Agora vem voando em sua direção, atravessa o portão, a mulher estava com as mãos na barriga meio esperançosa, quando a borboleta pousa em seus ombros aquela cai ao chão adormecida. No rosto, havia um meio sorriso, um lágrima ainda escorrendo e ainda com as mãos na barriga talvez pensasse em Emanuel. Talvez essa borboleta fosse Emanuel voando com tanta intensidade, o filho que não viera ao mundo. Lícia se acordará melhor, seria levada por sua empregada ao seu confortável quarto. Enquanto Emanuel, aliás, a forte azulada borboleta voava ao céu, enquanto o forte azul manchava o céu em direção ao sol...

WandresonRocha
Enviado por WandresonRocha em 21/10/2012
Reeditado em 28/11/2012
Código do texto: T3944274
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