RASGANDO O SILÊNCO

Já era noite.

Todos recolhidos para o relaxamento de uma boa noite de sono.

As ruas desertas. Provavelmente com alguns cães vira-latas.

De repente, uma voz feminina, que parecia estar com uma criança no colo,

Invadia nossos ouvidos nossas casas.

Nossos corações!

Passava relatando aos brados uma história íntima.

Com apenas quatro frases.

Revoltada revelava os nomes dos personagens envolvidos.

Eram palavras sentidas, sofridas e repetidas.

Desequilibradas. Ecoavam ao infinito.

Elas nos atingiram profundamente.

Tocaram nossa alma.

Desequilibraram também nossos sentimentos.

Machucaram-nos.

Só se ouvia esta voz, rasgando o silêncio desta noite.

E alguns cães, que assustados latiam.

Nem sabíamos como ajudar.

E se o fizéssemos estaríamos invadindo? Impedindo um desabafo?

Coloquei-me a orar por esta criatura, que vomitava tanto sofrimento.

Era o que tinha pra fazer neste momento.

Pedir clemência aos céus. Piedade!

Para esta pessoa, que anunciava seu protesto,

Numa passeata solitária.

Com tanto desequilíbrio interior.

Com o silêncio refeito, era hora de dormir.

Mas, no meu coração os desabafos ainda ecoavam.

Embora a voz já houvesse sumido.

Aquele sentimento ainda me incomodava muito.

Refiz minhas orações na tentativa de conseguir

Restabelecer a paz, para amenizar aquele lamento.

É muito triste ver nosso semelhante sofrer, seja de que forma for.

O que atinge o outro,

Acerta em nós também.

Somos todos, parte de UM.

rose amaral
Enviado por rose amaral em 21/10/2012
Código do texto: T3944789
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