CÍRIO 2012

Outubro de 2012, os festejos do Círio estão chegando e isso causa um reboliço na cidade em toda gente. Este ano tive encomenda de dois pratos de comida para clientes diferentes, também decidi participar da Romaria dos Rodoviários, ando sem tempo, entro a miúdo na net pelo celular em casa mesmo por causa da Wi-fi... Dou uma curtida aqui e ali e saio logo... Trabalho muito, mas, aqui em casa mesmo e só já faço o que posso porque vivo há 4 anos com dores cortantes no meu calcanhar esquerdo...Esporão Calcâneo, vou fazendo as coisas por etapas...Faço paro, faço paro...

Tenho vários pares de sapatos porque não consigo mais andar descalça, sempre estou a experimentar o sapato que melhor se adapta ao meu problema... As dores são insuportáveis... Procuro não pensar nas minhas mazelas e sempre que posso faço atividades que me deem prazer... Se estou chateada fico horas lendo no facebook, mas não falo com ninguém...Leio e leio inúmeras frases e compartiho aquilo que minha emoção pede naquele momento...

Mas não quero me desviar do assunto. Esse de minhas dores fica para depois... Ahhh ainda quero falar que numa das vezes em que me levantei e senti a dor no pé esquerdo que rasga e dilacera a minha alma (desse esporão) ele com sua voz irritante alegou que estas dores eram mentirosas... Jamais consigo esquecer até porque estou com essas dores todos os minutos de meu dia... Confesso que senti muita raiva nessa bendita hora... E ao lembrar fico chateada...

No sábado da Trasladação (procissão importante que ocorre pela parte da noite que antecede ao Círio), os meninos disseram que iam sair e eu ia ficar com a Agatha, eles até já nem me convidam por saberem que por causa de meu pé eu não vou... Começaram a sair às 15 horas. A Paola demorou mais para sair e ainda foi à feira comprar mamão para eu fazer a papa de frutas para a criança.

Todos saíram. A Emille tinha me dito que se eu me apertasse com a menina era para chamar o pai dela... Às 16 horas a menina comeu um “senhor prato” de mamão amassado com leite e eu pensei que ela não fosse ter fome tão cedo. A Maria me viu dar essa comida toda a ela.

Ledo engano pensar que “psirico” (apelidinho dela) não ia ter fome... Às 18 horas a menina pôs a boca no mundo, eu queria fazer o leite e não tinha uma pessoa para segurá-la, sabe como é meu desembaraço ao lidar com crianças é praticamente zero rsrsr, e, além do mais, não queria ir para a beira do fogão com ela no colo, mas foi o jeito.

Decidi telefonar ao Manuel para que este viesse ajudar. Sei de antemão que ele não viria na hora que eu queria, mas, sim na hora dele, pois já conheço Adelaide de longas datas... Pus o leite a esfriar. Ele veio na hora dele como imaginei.

Compreendi que errei chamando-o... Já devia saber que quando há uma festa importante ele gosta de beber antecipadamente para aprontar depois... E estragar a festa dos demais... Ele não pode misturar bebidas, tem sérios problemas psicológicos, não gosta de ninguém que viva bem, não gosta de pessoas bem sucedidas, por conta de sua falta de juízo pôs as coisas ao vento e agora sente inveja de quem está bem. (não sei se inveja é a palavra certa)

Posso estar até usando palavras erradas, mas, quando falo nisso fico aflita. Não sei exatamente como me expressar e tenho muito cuidado com isso, detesto ser mal interpretada...

Quando ele chegou até aqui notei que estava muito pesado, ou seja, deveria ter feito misturas de bebida... Aprontando... Dizendo palavras sem nexo... Frases com duplo sentido... Fazendo ameaças indefinidas... Olhares perturbadores... Frases ou palavras únicas muito fortes que queriam dizer coisas e ao mesmo tempo não queriam dizer nada... Duplo sentido mesmo... Falou muito mal de alguns parentes, insinuou coisas... Coisas com sentido abstrato...

ASSAPOU-SE (sei lá se tem essa palavra na língua portuguesa, mas é essa que quero usar) na minha cama e não queria sair, com a insistência de meu pedido ele fez ameaças indefinidas e mandou-me calar muitas vezes, alegou que não estava nem ai para a minha formação e que essa dita formação era merda para ele e repetia seguidas vezes: “tá calada menina, fala baixo é que é”... Como se eu dependesse dele... Fiquei muito triste quando ele falou de minha formação, afinal, para mim foi a realização de um enorme sonho... Sonho esse que incomoda muita gente... É assim que se descobrem as coisas...

VI QUE NÃO PODIA MEDIR FORÇAS COM ELE POR CAUSA DE ESTAR COM A AGATHA, FIQUEI COM MUITO ÓDIO E MEDO. Para dentro de mim estava com raiva... Para fora demonstrava compreensão e tirava tudo por menos por causa da menina... Não adiantava medir forças naquele momento... Fui buscar todas as aulas de ética que aprendi na faculdade para lidar com a situação.

A menina tomou banho e arrumou-se, já eram 19h30min. Diego e David entraram aqui a fim de pegarem dinheiro deles para comprarem água na Trasladação. Diego não percebeu nada, David olhou para mim e eu fiz gestos para ele. Depois o Manuel se vestiu de calça e camisa e queria levar a menina com ele. Dizia assim: "vem com o vovô, vem com o vovô”... Mas, era tudo que eu não queria.

A menina estava na minha responsabilidade e se acontecesse alguma coisa? Vivi momentos de terrores (terrorismo puro) com tudo que ele disse e os olhares dele era de uma pessoa endemoniada. Fiquei com muito medo... Continuei a tirar tudo por menos, o meu intento era que ele saísse sozinho e esquecesse-se de levar a menina como queria... Atraquei-me a menina, não quero que nada aconteça a ela DEUS me livre...

Ele em boa hora decidiu sair de novo. Esse inferno durou das 19 horas às 20 horas... Mas não demorou nada na rua apenas 30 minutos nem isso... A menina chorava muito porque ela só fica bem sem a mãe 3 horas de tempo, passou disso ela mete a mão na boca e coça as gengivas para a gente pensar que é fome, mas, na realidade quer o peito para dormir... Com isso estouramos dois leites que fiz a partir das 18 horas. Foi quando a mãe chegou com o pai e mais dois colegas...

A parada dele comigo já estava controlada, sanada, eu continuava com medo das ameaças, mas tirava por menos em prol de termos uma criança em casa....

Ai ele voltou-se para a mãe da criança, disse o diabo para ela, ela é rebarbada não queria ouvir, ELE chamou o pai para ouvir, falou um monte de merda... Como a nossa jovem mamãe é peralta enfrentava ele a todo o momento. Não aprovo e sei que ela errou nessa parte. E ele estava com a criança no colo dele e ao mesmo tempo estava a dar uns puxões na Emille, dai eu pequei a criança, a doida tirou a criança da minha mão, ele tornou a dar uns puxões na menina com a criança no colo, nem gosto de me lembrar disso... Faz-me muito mal.

Eu amo minha neta o amor que sinto por ela é diferente, não posso brigar com ela não sou mãe, os pais são os educadores e eu como vó sou co-educadora... Mas, Quero protegê-la... Podia dar uma ali uma tragédia, alguém podia se machucar feio. Quando tudo se acalmou, eu, minha filha e a menina ficaram na minha cama a chorar, a menina no peito enfim dormiu e eu mandei as duas se trancarem no quarto que eu ia me trancar no meu... E assim eu fiz. Ia dar 22 horas...

Antes disso ele veio até o meu quarto com uma faca de pão nas mãos apontou a faca para mim e ainda encostou a ponta da mesma no meu ombro a dizer que falou assim com a filha porque estava selando pela minha segurança. Ele estava com essa faca a consertar a tomada da televisão da sala. Não era para fazer nada, mas no estado que ele estava isso intimida... Tranquei todo o quarto e dormi logo de caminho. Mandei minha filha se trancar em seu quarto também... Mas essa nunca faz aquilo que se manda.

Telefonou para a irmã, que as levou no carro de uma colega para a casa da avó paterna de minha neta... A Emille fez o relato para a Paola. Esta esperou o Diego chegar e relatou tudo para ele... Eu dormia sono solto com tudo trancado, no maior calor, janela e tudo. Diego teve um acesso de raiva e passou mal era uma hora da manhã, tinha uma enfermeira aqui colega da Paola. Ajudaram e prestaram socorro ao Diego, o menino podia ter morrido, faltou-lhe a respiração... Ele só dizia: a menina, a menina, a menina....

Então pela manha quando acordei vi que a mãe de minha neta não estava, Paola dormia com a porta aberta de seu quarto (mas ela ia dormir na casa da colega, o que teria acontecido?). Diego estava no outro quarto também dormindo, achei tudo muito estranho... Tomei café e fui até a mamãe... A mamãe disse que ouviu alguém passar mal na casa de madrugada... Ouviu alguém dizer: “ele estava tão bem no decorrer da Trasladação”... Mamãe também ouviu uma voz de uma moça enfermeira amiga de filha a falar para passar álcool nele... Nele quem? Nessa madrugada mamãe ainda ligou para o meu celular, entretanto, eu dormia feito pedra depois de ter trancado o quarto todo...

Diego acordou e foi me chamar... Eu estava apavorada, via em seu rosto o peso daquela atitude: os meninos decidiram convidar o pai a sair da casa, fizeram as malas e tudo e ele saiu... Tudo porque não queremos criar a menina nesse clima...

Ainda não me recuperei, tive uma crise de prisão de ventre com muita dor na hora h, sei que é derivado de meu estado emocional...

Fiz este relato para a minha filha que mora fora de nossa cidade ao qual ela respondeu entre outras coisas:

“Mas eu sei o que é isso... Já basta o que agente passou quando éramos crianças, e as safadezas dele... Agora quer fazer a mesma coisa com a Agatha... Nem uma criança merece isso...”

Patrícia P Ventura
Enviado por Patrícia P Ventura em 22/10/2012
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