Mais um dia de trabalho se inicia

São dez para as nove da manhã. Esta imensa sala de trabalho está silenciosa. As paredes institucionalmente verde-claras e as janelas cheias de luminosidade apenas aguardam, resignadas ao seu papel passivo no mundo. Trinta e quatro mesas, cadeiras e computadores ainda repousam, dispostos em linhas e colunas perfeitamente simétricas e frias como a impessoalidade de sua padronização.

Um barulho repetido e impaciente de passos rápidos com sapatos de saltos indica a chegada da recepcionista. Ouve-se o som de sua bolsa sendo jogada sobre a mesa, como quem descarta com impaciência este emprego mal pago.

Cinco campainhas soam juntas seu estridente “blim-blom”, que parece o alarme dos sinos de uma catedral convocando o povo para algum evento de importância. Ao mesmo tempo, as portas dos cinco elevadores se abrem. Os trabalhadores saem vagarosamente e em silêncio do seu confinamento temporário. Eles exibem ao mesmo tempo expressões de alívio e caras de sono. Cada um deles se dirige mecanicamente para sua mesa e sua cadeira e liga seu computador. O zumbido lúgubre das máquinas começa a preencher o silêncio.

Mas alguns sorrisos esperançosos começam a se esboçar naqueles rostos sorumbáticos quando um aroma intenso e muito esperado por todos vem da cozinha e se espalha pela sala. Este cheiro bom redentor se origina direto da fonte de toda a energia, dedicação e produtividade em um escritório: o cafezinho. :-)

E assim, mais um dia de trabalho se inicia.