Evitando o Natal

Dezembro se aproxima e o que vem as nossas mentes é o espírito Natalino. Aquela obrigação de estar feliz o tempo todo, de sorrir mesmo quando não se está feliz e confraternizar apesar de não estar no clima. Posso dizer que tenho trauma do Natal, prefiro viajar na semana da data para meio que evitar esse clima familiar. Não que tenha algo contra a família em si, mas ao fim, quando tudo está planejado nos mínimos detalhes e você supõe que a sua comemoração será perfeita, existirá sempre um imprevisto que poderá levar todos os seus planos por água abaixo.

Na maior parte dos meus Natais foi assim, parece que as pessoas resolvem brigar semanas antes da tão aguardada comemoração. O peru já estava na geladeira e o chester e outras gostosuras típicas da data já estavam comprados. Aquele ano, a família combinara de fazer a ceia em minha casa, já que todos os anos faz-se uma espécie de rodízio para ver em qual residência se comemorará as festas de fim de ano. Tudo comprado, tudo ajustado, árvore montada, enfeites em seus devidos lugares. De repente, o telefone toca. Uma voz sem graça, meio rouca falava ao outro lado da linha. “Não vamos mais - dizia uma tia - pensamos melhor... a família está meio brigada ainda por causa da herança do tio Humberto.... não estou no clima.” Chateado, desligo o aparelho e o mesmo volta tocar. Mais um desmarcando, havia sido convidado por um amigo de última hora, e resolvera largar o nosso compromisso já marcado há quase duas semanas. Conclusão, ninguém foi.

Não tenho ressentimentos, mas este foi apenas um dos péssimos Natais que tive. Ano passado, por exemplo, a fim de evitar uma tragédia como essa, decidi ir viajar. Durante dois anos este estratagema já vinha dando certo. Neste , quando já estava quase tudo acertado, malas montadas, passagens em mãos, faltando poucos dias para embarcar, meu pai decidiu realizar um exame. Ele estava com algumas dores e não queria viajar antes de resolver suas pendências com as mesmas. Foi ao médico verificar e acabou ficando internado. Minha mãe ficou junto a ele. Voltei para casa sem clima festa e muito menos para viajar. Apesar disso fui só por obrigação à casa de um ou outro familiar, mesmo não sentindo dentro de mim o tão anunciado espírito natalino.

Esse ano, estou pensando em fazer diferente. Nada de ceias enormes para ninguém vir. Nada de viagens que por imprevistos não dão certos. Vou trabalhar. Dizem que o trabalho de Papai Noel é um dos mais bem remunerados, principalmente em Shoppings Center. Pois bem, uns travesseiros na barriga, uma barba falsa e uma boa maquiagem dariam para enganar, se não fosse por um problema: a estatura. Apesar, de já ter 16 anos, meu tamanho não favorece, não sou anão, mas estou quase ali, no tamanho de uma criança de uns dez doze anos. Talvez haja vaga pra duende, mas percebo que tais planos ficarão para mais tarde. Independente disso, quero desejar aquilo que mesmo com todas as controversas nunca esteve ausente dentro de mim, as graças do menino Jesus. Que todos vocês tenham um ótimo Natal, e que as luzes do céu abençoem vossos lares. Estes são meus sinceros votos!

Vinícius Bernardes
Enviado por Vinícius Bernardes em 29/10/2012
Código do texto: T3958980
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