O TAMANHO DO PALITO DA VIDA

Outro dia, em uma reunião de amigos num barzinho, vi que os ocupantes de uma mesa próxima brincavam animadamente da brincadeira do palito. A mesma consiste em ver qual dos participantes tira o palito de menor comprimento do feixe. O sortudo (ou o azarado), dependendo da recompensa em jogo, deve cumprir o acordo sem reclamar.

Voltei para casa, naquela noite inquieto. A lembrança da brincadeira dos integrantes da mesa ao lado da que eu estava teimava em não abandonar os meus pensamentos. De alguma forma aquela brincadeira tinha relação com a minha vida e a de todos os seres humanos, pensei. Não necessariamente a brincadeira em si, mas a analogia que podemos fazer a partir dela:

Ao nascer recebemos o nosso “Palito da Vida”. Alguns, de extensão tão imensa que trocado em anos equivalem a cento e quinze anos ou mais até. Uma proeza digna do Guiness! Feito que dá ao seu detentor o título de homem ou mulher mais velho do mundo. Outros palitos da vida são tão curtos, mais tão curtos que dá a quem recebe apenas algumas poucas horas ou minutos de vida.

Nessa brincadeira chamada vida, diversos são os tamanhos dos palitos da existência humana aqui na terra. Penso que se pudéssemos escolher a extensão do palito da nossa vida jamais veríamos uma criança indefesa partir tão cedo, assim como também não veríamos uma mãe partir tão jovem, sem dar aos seus filhos o direito de desfrutar da sua companhia ou vice-versa.

Sempre que tomo conhecimento da morte de alguém que conheço ou não e da idade da pessoa falecida não dá para deixar de pensar no tamanho do palito de vida que esse alguém recebeu. A analogia é inevitável. Penso também de quem será a missão de entregar o palito da vida a alguém que será tão amada e que em tão pouco tempo deixará dor e tristeza por sua repentina partida?

Pensar sobre a vida ou no seu antônimo é algo inquietante – conclui. O que me intriga é o mistério de não saber quanto da extensão do palito da minha vida eu já vivi. Às vezes acho bom não saber, outras vezes nem tanto assim. O temor de ser pego de repente, abruptamente me paralisa, mais aí chego à conclusão que posso escolher viver nascendo ou viver morrendo a cada novo dia.

A vida é uma sucessão contínua de surpresas agradáveis e desagradáveis, não dá para fugir disso, mas em compensação podemos fazer algumas escolhas. Se deixar afetar pelos mistérios dela é optar por morrer lentamente todos os dias da vida. É não desejar ter tirado o maior palito do feixe.

Um palito de vida para você equivalente a cento e vinte anos!!!!

Por Maria Gilda da Silva

Em 13/05/2012.

Maria Gildha da Silva
Enviado por Maria Gildha da Silva em 03/12/2012
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