A VOLTA

Na casa de meu pai, não passaria por estas humilhações. Fome e sede. Até os porcos recusam esta comida. Estes pensamentos vagueavam-lhe a mente, durante o almoço. Naquele dia, o rapaz decidira voltar.

Saiu da fazenda sem nada dizer ao patrão. Era madrugada. Com a pequena bagagem que ainda lhe restava, saiu.

Os dias de glórias esculpiam um passado agora distante. Festas e jogos. Vícios e mulheres. A noite lhe invadira a vida, com luzes de ribalta. Deixara-lhe um negrume de perdas.

Os passos na estrada ressoavam firmes. Uma orquestra de pensamentos lhe musicava na mente.

Pecara. Contra o céu. Contra o pai. Diria-lhe isto. O arrependimento lhe impetrava a necessidade do perdão. Tinha o coração em prisões. Exigira dinheiro do pai e partira. O pássaro errante batera asas sem rumos.

Habitara lugares distantes. A família lhe era poeira ao vento. Não olharia para trás. A noite lhe invadira a vida, com luzes de ribalta. Deixara um negrume de perdas. Os dias de glórias esculpiam um passado agora distante.

Com a escassez na vida, trocou trabalho pelo pão. Os porcos lhe faziam companhia. No trabalho. Nas refeições.

Os portões da fazenda permaneciam os mesmos. O cinza das grades espelhavam a sua vida.

As árvores. A plantação. Os currais. As lembranças lhe vinham como doces chuvas. Agora, olha as plantas rasteiras, a grama. Tantas vezes ali, brincara com o irmão.

Ao levantar os olhos, viu aquele senhor correndo ao seu encontro. O coração acelerou. Não por que pisou naquelas terras, não eram mais suas. Mas porque vira o pai que ainda era seu.

O abraço que sentiu trouxe uma brisa fresca para o seu deserto escaldante.

Reconheceu seu erro diante do pai. Diante de Deus. Aquele senhor exultava de tanta alegria. Sim, o novilho estava engordando. O anel guardado. O dia chegara. O seu filho revivera. Deu ordens aos empregados. As providências foram tomadas.

Retornando do campo, o irmão mais velho estranha a casa em festa. As informações trazidas pelos empregados suscitam o ciúme que lhe maltrata.

Reclamações. O filho não entende a alegria do pai.

- Nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos.

O pai lhe oferece uma nova visão.

- Tu nunca tomaste posse daquilo que já é teu. Regozijo-me, hoje, porque o teu irmão reviveu para mim.

O irmão mais velho observa a casa em festa. No coração, o ciúme que lhe maltrata.

Baseado no texto bíblico: Lc. 15.11-32.

Nonato Costa
Enviado por Nonato Costa em 13/12/2012
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