A mendiga nua

Nua, em suja loucura a mendiga em praça publica, um sábado movimentado na proximidade do natal e a nudez exposta, ali, crua, sem pudor, em um calor de quase 40°C em Belo Horizonte.

O burburinho, a maledicência dos comentários, um desejo reprimido? A fúria de quem quer vingar de quem expõe a nudez assim, em seus quarenta e poucos anos, senhora morena, diria conservada, mas deitada como uma pintura, exposta, não estava se exibindo, parecia apenas sentir calor. Diziam de chamar a policia, mas uma viatura próxima sinalizava que alguém já o tinha feito, mas o que deveria ser tão ruim na nudez se nos vestimos por convenção social? A loucura apenas expõe o obvio: no calor gostaríamos de ir e vir nus, sem sermos julgados ou invadidos, e o louco tem que ser punido por conceder-se este prazer de expor sua nudez angustiante aos demais. Um grito de liberdade? Mera expressão de um ser incomodado com a temperatura? Incomodando o consumismo, movimentando as mentes alienadas sobre o ser humano jogado na rua em condição precária? Nua!

Deixe a nudez em paz, ela esta apenas a espera de algo, talvez chova, talvez o sol continue, a rua continua sendo onde está, com sua precariedade, com seu nada a perder. Apenas com seu corpo envelhecido, seu estomago e pele acostumados ao resto, apenas um ser humano perdido, que em seu incomodo desnuda das roupas que ganhou de alguém e expõe seu corpo, assim como as bancas e outdoors retratam a nudez, é ali que ela incomoda, talvez por não ser torneada e corrigida em algum programa (photoshop) qualquer, talvez por ser até mesmo um corpo melhor que de mulheres mais jovens que se espremem em roupas caras tentando parecer mais torneadas, inveja de uma mendiga? Oh! Mesmo na rua a pele é humana, ela sente calor, os cabelos maltratados e o rosto sofrido: um ser humano, somente.

Nua, ela é apenas ela, e de repente todos a veem, sem comoção, mas com raiva de sua conduta indevida, querem dar um sermão... prender, punir, enquadrar no aceito e devido! Que moralistas incríveis!

“Vamos celebrar a estupidez humana....”

T Sophie
Enviado por T Sophie em 23/12/2012
Reeditado em 31/12/2012
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