Ana e Ester: destinos traçados (2ª parte)

O encontro: destinos traçados

Já faz cinco minutos, que Ester está a esperar seu ônibus. Para ela, que tem índices altíssimos de ansiedade estes cinco minutos são eternos, é quando, ao se virar, percebe a aproximação do seu ônibus. Coração acelera, em quinze minutos, vinte no máximo, estaria adentrando os portões de seu trabalho pela primeira vez. Embarca, e senta-se perto da porta, praticamente todos desciam no mesmo local, então não teria dificuldades em descer, e além do mais, essa parte do ônibus estava mais vazio, não queria que outros vissem sua ansiedade.

Cinco quarteirões se passam e os assentos vão sendo ocupados. Ester, apesar de está com os olhos abertos, nada vê, está ansiosa demais para prestar atenção ao que se passa ao redor. Nova parada, pessoas sobem, ninguém senta ao seu lado. Última pessoa a subir, uma jovem mulher, é Ana, que olha diretamente para o lugar que sempre se senta. Supressa! Há outra jovem mulher no mesmo banco que sempre se senta.

Ana gosta de se sentar à janela, mas o lugar já está ocupado por Ester. Sempre calma Ana tenta não criar casos, com motivo tão banal, então se senta no lado do corredor, no mesmo banco de Ester. Ao senta-se resmunga um bom dia. Ana, tensa, responde um bom dia baixo.

Em quinze minutos chegam a seu destino. Ali, quase todos desembarcam. Ana não se diferenciando dos outros, também desembarca, seguida por Ester. Ana estranha, aquela mulher que estava ao seu lado caminha para o mesmo lado seu. Nunca tinha visto, e acabara de sentar-se aonde era seu costume sentar, agora caminhava em sua mesma direção.

Porta da empresa, uma provedora de web sites. Ana adentra suas portas, atrás de si Ester também entra. Não, não pode ser, pensa Ana, é muita coincidência. Mas não era coincidência, Ester trabalharia ali.

Chegando ao trabalho Ester encaminha-se para o RH, depois de mais alguns esclarecimentos ela é apresentada a todos. Ana ficou boca aberta, não podia ser, e tinha mais supressa, Ester trabalharia ao seu lado. E mais, ela fora designada a treinar Ester. Era muito para apenas as primeiras horas de sua manhã.

Ester, por sua vez, também estava supressa. Tudo era novo, até mesmo ir de interurbano trabalhar, o emprego novo, o serviço que iria efetuar: auxiliar contabilidade. (Ana era a contadora). Mais continuando, Ester, estava realmente supressa, sua colega de trabalho, melhor, sua superior, era aquela mulher que viera ao seu lado no ônibus. Seria tudo isso coincidência?

O dia foi de muitas supressas para ambas, para Ester, além de descobrir um novo ofício, descobre que Ana tem a mesma idade sua, é casada e tem um casal de filhos gêmeos com 10 anos, Estela e Anderson. Já Ana, além de descobrir que Ana era uma excelente aprendiza, descobre também que ambas possuem 31 anos, e que ela também é casada e que tem dois filhos, com dez e nove anos.

Chega o horário do almoço, as duas vão para o refeitório. Juntas almoçam e animadamente conversam. E como conversam, nem parece que se conheceram a poucas horas. Todos saem do refeitório, Ana e Ester não, continuam sentadas, numa conversa para lá de animada.

Já está perto do termino de suas folgas. Elas lamentando e dizendo que foi um bom almoço se dirigem novamente para seus afazeres. No trabalho, entre uma atividade e outra, elas permanecem conversando animadamente. Conversam sobre tudo, como se conhecessem há anos. Como era bom, esse clima de inicio de relacionamento, tudo é muito bom. E é isto que elas comentam entre elas no fim do expediente.

Já estão no caminho de volta para casa, conversando animadamente no ônibus. Passa-se 15 minutos, está próximo do local de Ana descer. As duas mais novas amigas se despedem, com um forte abraço, e beijos tão costumeiros entre amigas de longa data.

Logo, após cinco quarteirões, Ester também, desce, e se dirige para sua casa.

As horas passam, e nas casas das duas amigas a vida continua normalmente, como sempre foi, ou seria quase normal? As duas mulheres estavam inquietas, algo naquele dia mexera com elas. Cada uma na sua casa não conseguem se concentrarem, e comem muito pouco e nem prestam atenção na novela. Antes de dormir fazem uma ligação para desejarem-se uma boa noite.

A noite seria longa, tanto para uma, como para outra, não conseguem dormir, desejam se encontrarem novamente, conversarem, a ida e volta de ônibus, o almoço... Não sabiam o que lhes estava acontecendo, o que sabiam era que queriam se encontrarem novamente.

Israel Goulart
Enviado por Israel Goulart em 09/03/2007
Código do texto: T407354
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