"UMA HISTÓRIA TRISTE" (continuação da primeira parte)

UMA HISTÓRIA TRISTE (continuação da 1ª parte)

Após o encontro com o ladrão, Maurício foi para casa, ainda sob o impacto dos fatos ocorridos naquela noite fatídica e, ao mesmo tempo diferente de tudo o que já se passara em sua vida. Ao chegar à casa , foi tomar um banho e, enquanto tirava a roupa, tentou cantar, como sempre fazia no banho, mas em vez de sons sonoros musicais , surgiam , ora choro, alternando com gargalhadas. Era um sentimento estranho: chorava, sorria. Chorava, sorria. Imagina chorar por quê? Por causa do rompimento com a Marilena? Ora, ora, Ela não é a única no mundo, tentarei esquecê-la, vou esquecê-la! Deus vai me ajudar... Sim, porque não vou mais me humilhar! Isso, eu garanto... Dizia consigo mesmo.

Depois do banho, fez a barba, perfumou-se e, olhando no espelho, fez uma análise da sua aparência: _ nada mal _ pensou_ e, de repente, lembrou-se do ladrão, que conhecera na noite anterior...

- Fico pensando, eu, com esta pinta de galã e bem vestido, mesmo assim, a Marilena não me quis. Entretanto um pobre ladrão analfabeto e esfarrapado, demonstrou o seu cuidado com a família, principalmente com os meninos levados que ele tanto ama. Chamei-o de amigo mas, nem sequer, perguntei seu nome e eu, também, não lhe disse o meu. Gostaria de encontrá-lo algum dia pra saber o que foi feito da vida dele.

Passados quatro meses, Maurício foi mordido por um cão desconhecido, quando passava pela rua onde morava. Então compareceu a um posto de saúde para tomar uma vacina antirrábica e, quando já ia saindo, quem ele encontra? Nada mais, nada menos que o ladrão. Ficou um pouco em dúvida... Seria ele mesmo? Afinal, vira-o à noite... Mas ainda lembrava-se de que, ao pegar o seu relógio, ele notou uma tatuagem , não muito definida, no braço direito do rapaz. Só que agora, ele estava limpo, segurando pelas mãos, dois garotinhos . Só pode ser ele, vou arriscar...

- Por favor, você não é?... Aquele que... , que... Desculpe, esqueci de perguntar seu nome...

O rapaz olhou atentamente para o Maurício e, assustado, perguntou:

- Sou eu mesmo, mas o senhor não vai me...

- Denunciar? Não... Por que o faria? Talvez você não saiba, mas foi você que me abriu os olhos naquela hora terrível em que eu estava desesperado, querendo morrer.

- Agora me lembro, o senhor chorava muito. Fiquei com muita pena...

- Muito bem! Agora quero saber de você. Pelo que estou vendo, está ai feliz com os seus pimpolhos, que por sinal, são dois meninos lindos e espertos! E você, também, está mais cuidado, com a barba feita, asseado. Acho que melhorou a sua vida, ou a sua mulher ainda põe você pra dormir na rua?...

- Não! Ela agora está mais calma. Depois que arranjei emprego, ela agora me trata bem. Vim trazer as crianças para tomar as vacinas. Estou estudando à noite, ainda sei muito pouco, mas estou aprendendo a ler e a falar.

- Muito bem ! Fico feliz em saber... Agora podemos ficar amigos. Meu nome é Maurício. Então, diga-me o seu e o de seus filhos...

- O meu é Artur e meus meninos são: Levi e Mateus. Ah! Esqueci, o da minha mulher é Marisa...

Após as apresentações, despediram-se alegres, com os dois pimpolhos, correndo à frente do pai e este, demonstrando o zelo que tinha pelos filhos chamava-os:

- Seus moleques, fiquem aqui perto do pai! Se não obedecerem , o papai não vai comprar bala!!!

Maurício ficou olhando aquela cena e pensou na Marilena. Soube que ela já estava com outro. Seu coração ainda sangrava, mas manteve o firme propósito de esquecê-la...

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Tete Brito
Enviado por Tete Brito em 23/01/2013
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