A BOCA DO ANJO – mini conto
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Radiantes, trouxeram a mim a criança que diziam ser bela.
Tomei-a nos braços,  detendo-me a admirá-la.
Seus olhos, por sua vez, perspicazes e profundos, miram-me com vivaz ousadia; brilham neles, contudo, plácida serenidade.
Prossigo interessado e com redobrada admiração a percorrer a visão na seráfica imagem estreitada nos braços. Tudo no menino é formoso, embora me fascine sobremaneira a boca. Essa, sim, é uma boca digna de palavras como as de um Cícero ou de um Demóstenes, quiçá, a voz de respeitado e festejado tenor, intuindo-me a forte impressão de que essa boca, iluminada e perfeita, somente serviria a uma pessoa importante, sumamente notável!
Sua conformação de admirável beleza é uma aposta segura de que viverá grande sucesso, proezas de grande elevação; porventura, a boca de um amado e idolatrado estadista, que conduzirá e fará engrandecer a história do seu povo!
Ele seguramente nos contemplará das alturas, com  suas asas de águia e sua boca de anjo!