História de valentão

(conto)

O ano era 1965. O lugar, um vilarejo no Norte do Paraná. Naquele lugar pacato a vida seguia seu curso normal. Todos trabalhavam na roça durante a semana, nos fins de semana sempre em alguma casa da vizinhança havia um baile ou arrasta-pé. Tinha um sanfoneiro, um violeiro e seus acompanhantes. O baile começavas ás 19:00 hs e durava até o sol raiar. Era assim que a vida ia se passando... Mas como nem sempre há paz o tempo todo, há de aparecer algo para quebrar a rotina.

Na região havia alguns valentões que gostavam de espalhar o terror por onde passavam... Um desses era o tal de Neco-Pimenta. Um sujeito aparentando ter uns 34 anos mais ou menos, mal encarado, desordeiro e gostava de se apresentar de esporas, chapéu tipo cow boy, tinha mania de beber cachaça e obrigar as pessoas beberem sob ameaça com revolver e chicote.

Quando chegava em um baile, começava botar banca. Arrastar as moças para dançar, à força. Seu jeito de dançar então!... Não agradava aos pais e familiares das moças. Era um tal de: agarra, puxa, aperta... Tenta beijar na marra, a moçinha acanhada e muito tímida não estava habituada a tais ousadias e intimidades,... Porém, se recusasse havia confusão. Os pais de famílias que tinham suas donzelas que pusessem as barbas de molho!

Já estavam todos fartos daquela situação! Havia uns quantos jurando o tal de morte! Essa era sua rotina, o tal pimenta era mesmo ardido! Bastava ele chegar e o baile ia minguando. Era só pai que ia pegando suas filhas e arrastando pelo braço para irem embora!... Assim não podia continuar por mais tempo!

... E Neco-Pimenta voltava para seu reduto todo cheio de si, se divertindo, contava aos amigos com galhofa suas façanhas e glórias... Mas, estava fechando-se o cerco. Numa dessas noites de baile todos aguardavam mais um ataque do dito-cujo malfeitor. Então ele arrastou uma moça para dançar, ela não gostando de seus abusos, cuspiu-lhe na cara, ele a empurrou com forças, a moça caiu ao solo. Nisso bateu a cabeça em uma coluna e veio a falecer. Os homens que estavam presentes e já esperando pela confusão, partiram para ele, então Neco sacou uma arma e empunhando-a ordenou que todos se afastassem. Assim foi-se embora e se refugiou no mato porque não teve tempo para montar seu cavalo. No matagal, em meio à escuridão da noite ele foi picado por uma cobra coral, o veneno se alastrou em seu sangue. Sem poder ser socorrido veio a falecer... Espalhou-se um boato pela região que foi o espírito da moça que veio fazer vingança...

Este texto faz parte do livro: PALAVRA É ARTE: Pg, 153. (25ª edição) 2013 CULTURA EDITORIAL: projetopalavraearte@bol.com.br

Arnaldo Leodegário
Enviado por Arnaldo Leodegário em 18/02/2013
Código do texto: T4146472
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