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Á SOMBRA  DAS  RELIGIÕES 
(Mini conto do dia a dia)
 
À feição de verdadeira e devotada mãe, quer-me, à luz do Cristianismo. Se nalgum ramo pentecostal não, porque resiste a outros conservadores? Pergunta sempre.
Lolita insiste em converter-me. Seguem-se os conselhos, os convites aos cultos e às reuniões, sem, contudo, persuadir-me.
Na verdade, minha boa amiga,  disse-lhe finalmente, não estou preparado para ser um bom evangélico como você é e professa ser; hoje, seguir a linha daqueles que se preocupam mais em descobrir as senhas dos cartões de créditos alheios, em vez de buscar com humildade as verdades e as virtudes crísticas, não me apetece ousar tal impiedade; julgar-me, então, capaz de ser um dedicado e disciplinado espírita envolvido nos ditames do além, não consigo forças para tanto; tampouco poderia equiparar-me ao atuante e esclarecido católico devoto dos santos, obediente aos dogmas. Impossível, não seria eu.
Contento-me, pois, em tentar viver a visão inspiradora do apóstolo Paulo, mostrada na primeira carta aos Coríntios: reconhecei e permanecei na caridade... Quando não, pelo menos abraçar a recomendação branda e conciliadora do reformador Melanchthon: “Unidade no essencial, liberdade naquilo que é duvidoso e caridade em tudo.”
Mas, na verdade mesmo, a verdade irredutível e irrefreável, é que ainda preciso de uma boa dose de álcool para clarear e elevar-me o espírito, e um pouco de venialidades, fortuitas ou não, para aplacar-me os instintos.
Ela entende às vezes, outras, não.  
moura vieira
Enviado por moura vieira em 23/04/2013
Reeditado em 09/08/2021
Código do texto: T4255502
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