A Única Verdade é Que Mentimos

- filho tem um rapaz te chamando, falou que estudou com você e pega sempre o trem contigo.

Que merda. Faz mo cota que não saio para rua, prefiro ficar em casa vendo DVD, estou cada vez mais identificado com “Dr House” e “Dexter”. Ultimamente decidir não ser relacionar com mais ninguém, cansei dessas hipocrisias. As relações são baseadas em mentiras, não estamos preparados para ouvir e nem falar a verdade.

Entrei crise mesmo, e me sinto bem, cansei de ficar sorrido sem motivo, simples para não ser visto como antipático. Todo brasileiro é um homem-bomba em potencial, são fundamentalista, seja religioso ou ideologicamente, não tão disposto a aceitar outras verdades, ninguém dialoga, cada um defendendo sua ideia. Acredito que não temos atentados pique mundo árabe devido ao “homem cordial” de Sérgio Buarque, que castrou as atitudes terroristas - o brasileiro só não mata outro que pensar contrario ao seu pensamento por que é bundão.

Antes estava fazendo uma social, as pessoas vinha fala comigo, eu respondia, mas só valia a sua opinião, de tudo conhece ou viveu, sempre batia e nunca apanhava. Passou um tempo, passei a ignorar as pessoas, graças ao fone de ouvido, um bom jeito de afastar as pessoas sem atrito.

Tinha um fulano que estudou comigo, encontrava com ele sempre na estação, que sujetinho chato, desagradável a viagem com ele: lembro que quando comecei a conhecer a minha ex, vinha com ela no trem, o assunto rendia, era uma viajem de 50 minutos que parecia quinze, o tempo passava rápido. Com esse cara, a viagem, era uma eternidade, tipo umas 3 horas e com ele o trem resolvia quebrar ainda. Passei um tempo se escondendo nos pilares da estação para ele não me ver.

Falando na minha ex-mina, lembro que tínhamos a liberdade de falar o que pensávamos, tudo perfeito tirando a sogra. Não estava aguentado ficar mais a tarde de domingo na casa dela. A mãe dela refletia a hipocrisia da sociedade brasileira em pequenas doses. Ela se emocionava assistido Criança Esperança, Ratinho quando falava de uma situação social, mas se alguém pedisse qualquer coisa na porta da sua casa ou na rua era extremamente arrogante: “vai trabalhar, vagabundo”.

Prefiro a solteirice, me esquivo de ritual familiar, não gosto de festividade em que o principal fundamento é o lucro: Páscoa, Dias das Mães, dos Pais, Namorados e Crianças, Natal e Ano Novo. Mas o que eu odeio de paixão mesmo é Natal e Ano Novo, onde as falsidades e cinismo aforam, passamos o ano todo sem olhar pra pessoa até mesmo odiando-a, e em uma virada de noite saímos abraçando todo mundo que não abraçamos e nem abraçaremos outra vez, fazemos isso devido uma moral que diz que temos que perdoa nessas datas, mas ninguém perdoar e faz mó circo.

- mãe fala que estou passando uns dias na casa da minha namorada.

Danilo Góes
Enviado por Danilo Góes em 26/04/2013
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