Ressaca De Cinza

É carnaval, mó chuva, Maicon ligar Zé do Mato pra colar no centro de Morato, hoje tem carnaval no Clube Progresso. Não curte, mas melhor que ficar em casa assistindo desfile pela TV. Espera a chuva da uma trégua, pois tem que ir na caminhada, só tem o da entrada.

Não iriam entrar de bico seco, foram no mercado, jogou para as calças uma Vodca, esse foi o motivo para vários tapas na cara dado pelo segurança do mercado. Ficou bravo, mas tava aliviado: “não parava de falar que iria chamar a policia, melhor uns tapas do que ser preso”. Mais do nunca agora necessitava de álcool, foram em outro mercado, e com medo, pagaram com o dinheiro da entrada.

Colava sempre nos lugares com Zé do Mato, que foi apelidado devido ao consumo exacerbando de maconha. A amizade já era de longas datas quando Maicon deu um primeiro peguinha com Zé. Tinha 14 anos nessa época, hoje tem 17, já consumia álcool na direta. Seu primeiro porre foi quando tinha 5 anos, abriu a geladeira e bebeu a batida de morango do pai. O consumo do álcool naquela casa sempre foi algo normal.

Quando experimentou a maconha ficou com a mente pesada, pois sua mãe sempre disse que isso é coisa de vagabundo. Mas seu primeiro trago foi no cigarro da mãe, que mandava ele acende no fogão pra ela.

Sinceramente não sabia o motivo porquê bebia, mas posso enumerar uma centena de motivos: Como uma arvore genealógica de cachaceiros; tédios diários de uma vida de um jovem morador de periferia; uma forma de fuga da realidade; ou simplesmente beber por beber; talvez, a propagadas televisivas que associam bebidas com mulheres.

Ele não tinha muito sorte com meninas, muito tímido. Foi fumando maconha e bebendo um goró, o que deixava desinibido, que descolou uma moça. Ela curtia também um fininho e outras fitas. Zé povim comentar “essa mina é louca em ficar com esse projeto de marginal”. Mas mal saber as más línguas que ele foi de suma importância nos rumos dessa moça. A novinha já estava descabelada na cocaína quando o conheceu. Maicon apesar da pouca idade viu vários se afundarem e perderem a dignidade devido à uso da química. Convenceu a moça a largar, ficou com ela um ano, ela teve que se mudar com os pais para outra cidade.

Quando bebe e fuma dá nele uma letargia profunda. Nem se lembra como chegou em casa. Não se lembra que tava dormindo no banheiro da Pracinha do Coreto(praça central de Francisco Morato) mesmo com cheiro insuportável de urina. Não lembra nem da briga que arrumou na rua Ponte Seca (rua que tem uns barzinhos que toca forró), mexeu com mulher acompanhada. O mal estar no outro dia e os hematomas no rosto fez fazer um juramento de não beber mais, é sempre a mesma ideia após uma resseca.

Danilo Góes
Enviado por Danilo Góes em 27/04/2013
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