Mamados e esfomeados

Como era de costume, José Mariano, meu concunhado, fazia visitas constantes em nossa chácara, acompanhado de sua mulher Salete e sua filha adotiva Lucilene.

Foi num dia desses, sábado, ele apareceu por lá. Muito prestativo, nos serviços de aparo de grama, limpeza e principalmente na cozinha, “ariando” panelas.

Morava na chácara, na ocasião, meu sobrinho Marcos, também muito trabalhador, honesto e muito extrovertido.

Era sempre uma festa quando os dois se encontravam. Tinham muito que conversar e principalmente o que beber, já que os dois eram amantes da “marvada”.

Ao anoitecer, antes do jantar, resolveram ir até o Bairro dos Sousas, para “se abastecerem”, digamos assim.

Mas sabem como é conversa de bêbado não é mesmo? Nunca chega ao fim.

As horas foram passando, e os dois se abastecendo, mais horas se passavam e mais abastecimento. Quando deram por conta já era hora de ceia e não mais de jantar, evidentemente. Resolveram voltar.

Quando chegaram, com o estômago “pregado na cacunda” (como se diz lá pras bandas de Delfim Moreira) todos já tinham ido dormir, inclusive eu, que também já tinha tomado as minhas, como de costume.

Naquela ocasião, nós ainda não tínhamos nosso fogão à lenha, o que facilitaria muito a vida dos nossos personagens. Como sabemos o fogão a lenha, conserva a comida quente por muitas horas.

Então sua mulher Salete, resolveu colocar a comida na geladeira.

José Mariano foi a geladeira e pegou uma panela pela metade de comida e falou:

- Ô Marquinho, já facilitaram pra nóis, tem de tudo nessa panela, é só esquentar.

- Então isso merece mais uma né Mariano? Respondeu Marquinho, que sabia que eu mantinha uma boa do engenho, sempre bem guardada. Segredo nosso.

Botaram a panela no fogo, mexeram tudo aquilo, e mandaram ver.

- Puxa, a Salete, bem que podia ter comprado um frango mais gordo, disse Mariano.

- É mêmo, esse aqui só tem osso, meu chapa! – Respondeu Marcos.

“Limparam” a panela e foram dormir, sem antes colocar mais um pouco a conversa em dia.

Dia seguinte, Salete, ao abrir a geladeira, notou a falta daquela panela e olhando pra pia, não se conteve e caiu na gargalhada.

- O que aconteceu muié? Perguntou sua irmã.

- Meu Deus, cadê a comida dos cachorros que estava aqui?

- É Salete, os cachorros de hoje em dia abrem até geladeira quando estão com fome! Respondeu a outra.

Domingo, retornaram ao Bairro dos Sousas, inclusive eu, só que desta vez mais prevenidos, resolveram almoçar antes.

Paulo Kostella
Enviado por Paulo Kostella em 30/04/2013
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