O cara de pau


Belinha era infeliz.
Morria de ciúme do marido e por causa de seus ataques, era criticada por todos.
Uma bruxa!
Belinha não ligava, passava os dias a escarafunchar as coisas do marido: bolso, celular, computador, carro. Era uma detetive de primeira e sempre, sempre achava alguma coisa.
Um dia era um perfume diferente na camisa, no outro, uma mensagem estranha no celular.
O marido, claro, negava tudo. Era uma louca, uma surtada, dizia ele. Imagina que ele faria uma coisa daquelas.
E assim o cara de pau se apresentava para os amigos, para a família. Um injustiçado, incompreendido e mal tratado pela a mulher que a cada dia ficava mais descompensada.
Belinha seguia à beira de um ataque de nervos com a infidelidade do marido.
Se não era infiel na prática, era no verbo, no virtual e no pensamento.
E Belinha sofria com tudo e sofria muito.
Em pouco tempo, os amigos se afastaram dela. A família? Nem queria mais saber.
Coitado do marido que tinha que conviver com aquilo.
Então Belinha adoeceu.
A doença terrível começou devagar mas progrediu sem recuar.
Um dia foi um seio, no outro, todo o aparelho reprodutor que já não tinha serventia.
Belinha padeceu. Agora nem mulher já se sentia.
O marido? Coitado, seguia colhendo condolências por mais aquela tragédia. Já não havia sofrido o suficiente? Dizia quem os conhecia.
E assim enquanto tratava da esposa no leito do hospital, olhava a atendente que retribuía.
Na mente, ele fez o cálculo rapidamente.
Mais uma? Não faria diferença.
E assim, enquanto Belinha dormia, a atendente descaradamente, sorria.


Edeni Mendes da Rocha
Enviado por Edeni Mendes da Rocha em 03/05/2013
Reeditado em 03/05/2013
Código do texto: T4272532
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