Pesquisando imagens no Google, encontrei exatamente o casarão, no Bairro de Vila Mariana, onde residi por alguns meses, quando aqui aportei.


AS VOLTAS QUE A VIDA DÁ!
 = Capítulo 1 =
 
 
 
 
Sua aparência era tosca, triste, de dar pena. Por trás daqueles cabelos desgrenhados, de sua face enrugada, percebia-se que, antes, muito antes, habitou ali, naquele corpo desleixado, uma bela mulher. Porque então, se transformara naquele trapo de gente?
 
A garrafa de aguardente em uma das mãos, copo americano na outra, sentada no batente da calçada, entre um gole e outro, tentava conversar com os que passavam por ali.  Quase nunca lhe davam atenção, julgavam-na louca, e, se não era, com certeza, se tornara, face aos inúmeros sofrimentos pelos quais havia passado.
 
Era um casarão, no Bairro de Vila Mariana, com vários quartos, uma ou duas camas em cada um. Os mobiliados com uma cama e um guarda-roupa eram considerados de elite, os mais caros. Os donos, família muito rica da região, não encontrando outra solução para aquele imenso casarão, cujos impostos já não conseguiam pagar, transformaram o velho casarão em pensionato - muito comum na década de 70 - cujos cômodos eram locados para pessoas que viviam sozinhas, sem filhos e sem bichos de estimação. 
 
Eu, recém chegada à cidade grande, era uma dessas pessoas. Vivi ali por alguns meses, até que reunisse condições para alugar o meu próprio apartamento, o que aconteceu não muito tempo depois. Saía sempre apressada para o trabalho e só retornava tarde da noite, após as aulas do Cursinho pré-vestibular, no bairro da Liberdade.
 
Mesmo em horários tardios, eu adorava ouvir as histórias (ela jurava serem verdadeiras) de dona Elisa, encantava-me o mistério que envolvia sua vida, vivida antes desse quadro deprimente a que eu assistia agora.
 
 
>>>CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO>>>




AMIGOS!

A partir de hoje, uma vez por semana, estarei publicando os capítulos deste Conto, que faz parte de meu primeiro livro romanceado - JUNTANDO OS CACOS - que desisti de publicar, diante dos empecilhos que as Editoras Brasileiras nos criam, cobrando preços absurdos que dificultam, após, a venda da obra. Que se danen as capas bonitas, a tarde de autógrafos e a minha veia de péssima vendedora de mim mesma. Aborto o sonho, mas não deixarei   a obra  se decompor, esquecida na gaveta. Se os leitores tiverem paciência, este é um conto emocionante e verídico. Obrigada! Abraços a todos!