A Formiga, Dona Flor

Para Arana do Cerrado

Ela quase não dorme, é formiga operária. Seus dedos doídos de tecer folhagens em todos os tons imaginários. Gosta de estrelas e luares e retira dos teares o pão nosso de cada dia. A Formiga, dona Flor, não dorme muito, seus passos são apressados para o próprio sustento. Gosta de banhar-se nua aos olhos da lua e nos rios das chuvas que caem dos céus para abençoá-la. Seu coração não cabe em si, empresta seu ir e vir ao outro. Sinto o grito do silêncio, o choro das mães, os sinos da Igreja. A Procissão e o sepultamento...O lamento da dor que não cabe em si. Preocupa-se com o outro como se entrega a natureza. Pisa na terra com os pés descalços e seus olhos tem brilho de estrelas. Sobe em árvores, sorri das suas cambalhotas, mas chora com as injustiças que não estão ao alcance dos seus olhos...Gosta de andar em sua bike, amarrada com vários tecidos, sobressaindo os lilases...Desce pelas ruas de onde mora e a garotada catarrenta, vem na frente, vem ao lado, vem atrás, gritando: Dona Flor...Dona Flor!...Dona Flor!...Ela sorri e acena. A cena muda...A rosa floresce...E o planeta por segundos emudece.

Tony Bahi@.









Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 02/06/2013
Reeditado em 03/06/2013
Código do texto: T4322149
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