Encontro marcado

Um dia quente, o sol brilhava dentro de mim, desci do ônibus, olhei para todos os lados, estava só, a lembrança da sua imagem me veio à mente, mas é pouco, precisava mais, um olhar ao menos.

Comecei a andar de um lado para outro, prestei atenção em todas que passavam, até que uma mulher se aproximou... pensei... não pode ser, esta não é ela, não mesmo.

Não dei a informação que ela queria, afinal nem era da cidade, não conhecia nada, deixei que meu olhar flutuasse além das pessoas, prestava atenção no movimento e nada dela chegar.

Passei pela banca de jornais e as notícias ainda eram de política, não queria saber disso agora, estava ansioso, aliás há dias esperava este tal encontro e agora ficava ali sem saber o que fazer.

Mais alguns minutos, pareciam horas, dias, sei lá, de repente alguém bate no meu ombro, viro, era um senhor:

- Hei amigo! Tem um cigarro aí?

- Desculpe, não fumo.

Meus vícios são maiores que um cigarro, que uma dose de cana da boa, acho que tenho um dos melhores, até um dia me disseram: "É apaixonante ser poeta." Na verdade, nem sei se sou.

Também não precisava exagerar, eu acho que precisava mesmo era sair dali, dei um fora e agora fazer o quê, melhor sair de fininho, não precisava disfarçar, ninguém me conhece mesmo, tudo era novidade pra mim, menos não encontrar quem fui procurar.

Acho que estou escrevendo demais, é o nervoso, não sei se devo contar o resto, mas... vamos lá, um pouco mais, enquanto espero ela chegar.

Muitas pessoas desciam e subiam dos ônibus, partidas a cada minuto, minuto e meio, e eu lá, sentado, em pé, andando pra lá e pra cá, mas não me cansava, os pensamentos estavam muito longe dali, acho que na foto que deixei em casa, hummm.... deveria ter trazido, mas tudo bem, tentava lembrar detalhes do rosto dela. O corpo como será? As mãos, os dedos?

Fiquei ali imaginando como seria aquela mulher tão aguardada por mim, não sei, melhor pensar em outra coisa, disfarçar, tomar um café, tinha um trailer (é assim que se escreve?) que servia lanche, refri, café e eu arrisquei, comer ali nem pensar, um cafezinho só estava bom, se eu ainda fumasse, talvez um cigarro.

Passaram-se mais uns minutos ou uma hora, sei lá, e minhas mãos suavam, meus pés ardiam ao sol, a boca seca e nada de alguém falar comigo, a não ser aquele senhor bêbado, o que em nada me interessava.

É, acho que vou embora; não, vou esperar, afinal não marcamos uma hora certa e tinha certeza de que ela ia aparecer,

já tinha cá meus planos, ela é bonita, macia, seus cabelos com reflexos claros, lindos, acho que até já havia imaginado a textura, a pele, humm.. não sei, estava fazendo planos demais, viajando muito, e mais: e se ela não gostasse de mim? Afinal, também não me conhecia, então baixa deste céu, senta, disse pra mim mesmo, vou esperar.

Mais alguns pensamentos continuavam a rondar minha mente, como será que ela vem vestida, já pensou se vem de preto? Que burro, preto ao meio-dia, não, não, que tal vermelho, seria legal, um vestido vermelho, um sapato vermelho, um... xi, não fica bem, melhor mudar a roupa dela, que tal uma calça jeans bordada e uma blusa branca ou até florida, daquelas meio transparentes, aquele tecido, sabe qual, lembra aí, e um sapatinho bem fofinho, tipo hippie, hum... gostei, até pareço entender disso.

Bom... de repente ouço uma buzina... bi bi, é assim buzina?

Olho em direção à rua e lá, mal estacionado, um carro branco e sabe quem?

Não dá outra, olha ela... Bom, paro por aqui, vou lá...

Tchau

Caio Lucas
Enviado por Caio Lucas em 17/08/2005
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