Química Perfeita

Um dia conheci um homem incrível e realmente maravilhoso que hoje é um advogado brilhante, seu nome é Paulo. Antes dele ser advogado ele foi professor de geografia.

Tive a honra de ser sua namorada e tenho plena certeza de que quando ele era apenas um estudante, ainda na faculdade de geografia, aprendeu além de decorar mapas a arte de engolir mapas.

Quando nos conhecemos usou essa habilidade tão incomum quando de alguma forma encontrou o meu mapa e com certeza depois de decora-lo, fez questão também de engoli-lo, acho que para se certificar de que não perderia nenhum detalhe, afinal nós mulheres não temos manual de instruções.

Depois de ter feito isso, passou a conhecer com a maestria de um doutor em anatomia cada pedacinho do meu corpo e como cada pedacinho desses reagiam. Não preciso nem dizer como eu sentia tamanha euforia ao seu lado. Anatomia? Para Que? A química perfeita parecia ter sido descoberta única e exclusivamente para nós dois.

Bem daí que eu me achei na obrigação e no dever de estudar tudo sobre anatomia, pelo menos sobre a anatomia dele. Mas não foi preciso nem começar.

Sabe aqueles casais que tem um fogo no olhar e que só de se tocarem tudo perde o sentido e vira uma urgência tamanha, que só a nossa existência tem importância?

Pois éramos assim.

Querem saber se a química acabou? Não.

Depois de dez anos de separação e dúvidas, em um jantar contido mas cheio de ternura e amizade em um restaurante simpático em Copacabana, na hora da despedida, não sei como e nem onde o tempo foi parar. No lugar dele surgiu a mesma urgência e a química que existia no passado. Mas nos comportamos muito bem, nos deixamos nos levar por apenas alguns minutos, afinal estávamos em público, e nossas situações muito complicadas para que corrêssemos para um lugar mais reservado e esquecêssemos o resto do mundo.

Mas depois do ocorrido, cheguei a seguinte conclusão: ele guardou o mapa por dez anos, tão bem guardado, que só não lembrou ainda de onde o colocou. É só uma questão de tempo.


Suzanna Petri Martins
Enviado por Suzanna Petri Martins em 07/04/2007
Reeditado em 25/08/2007
Código do texto: T441250