Muladeiro (capítulo XXII)

_____ Cristo todo poderoso! Pegá a própria irmã e deixá ela prenha? Nunca escutei tamanha barbaridade - comentou Israel, cuja fisionomia era de total desespero e incredulidade.

Minduim e Israel não sabiam se olhavam para o chão, se questionavam os irmãos do falecido patrão ou se encerravam aquela prosa naquele mesmo momento.

_____ A criança não vingou, nasceu natimorta. Nossa irmã apertava muito o ventre, pois a vergonha que sentia e a falação da vizinhança eram constantes. Com tanta amargura e dissabor, nossa irmã enlouqueceu e foi internada num hospício, porque era notável que cometer o suicídio seria uma questão de dias. A internação e a quantidade de medicações pioraram seu estado. Num sábado à tarde, durante o horário de visitas, e sem que ninguém percebesse, ela fugiu do hospital e jamais foi encontrada. Gastamos muito dinheiro na esperança de encontrá-la, mas a despesa foi em vão.

Israel levantou-se, saiu cabisbaixo e nada mais quis saber sobre o passado de Teodoro. Seus pensamentos misturavam-se, confundiam-se e não chegavam a qualquer conclusão. Aquele homem, cuja história e passado eram mais sórdidos do que tudo o que conseguia imaginar, não poderia ser o mesmo senhor Téo que lhe deu abrigo, comida, trabalho e pagamento justo no final de cada mês.

Mas, muitos detalhes da narração, encaixavam-se no perfil do antigo patrão.

Silvana Goes
Enviado por Silvana Goes em 03/08/2013
Reeditado em 03/08/2013
Código do texto: T4418238
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