Um sonho chamado Brasil

Não existe política completamente honesta. Dizer que determinado modo de governo expõe ou não, os gastos realizados, não representa que o público e o privado não se misturem como sal e água. Na química da vida o errado nos ludibria a acreditar que o mesmo seja o caminho mais fácil, passamos a agir de maneiras equivocadas e nossos atos passam a se refletir em nossa política. Se dizemos que nosso governo é puramente corrupto é porque o mesmo deriva de uma sociedade corrupta. Se dizemos que o mesmo é negligente é porque o mesmo provém de um local no qual tudo é efêmero e negligênciavel.

Onde está o gigante que acordou? Esta é a pergunta que o Brasil se faz por esses meses que sucederam as manifestações. A erroneamente denominada “primavera brasileira” deu com os burros n’água? Independente de qualquer coisa percebe-se que continuamos na mesma. A maneira figurada de se pensar de que não eram apenas vinte centavos caiu na lógica literal se transformando exatamente nisso: em míseros vinte centavos. Tornamos-nos cães que ladram e nada fazem. Exigimos mudanças, mas não vamos luta. Na verdade não passamos de políticos, que prometem mudanças e quando assumem nada realizam.

Querer não é poder, mas batalhar é uma das vias do sucesso. Abandonamos definitivamente a causa tão defendida em junho, a prova foi o aceitar da prisão do deputado Natan Donadon sem que o mesmo perdesse seu cargo. Raciocinando rapidamente podemos concluir que independente da profissão que se exerça, caso o indivíduo furte o estabelecimento no qual é empregado, além de ser preso perde o emprego, algo que não ocorreu. Acorda Brasil, parece que há algo de errado nessa história. A segunda errata, que nos chocou nos últimos dias, nada mais foi do que a aceitação dos recursos infringentes aos mensaleiros. Fomos abandonados pelo último órgão do nosso governo que nos esperançava rumo à justiça.

Porém tal governo nada mais é do que um reflexo de nós. Basta olharmos para as adversidades que permeiam nosso cotidiano para notarmos quão corruptos somos. Uma carteira que se é encontrada na rua, um celular, ou até mesmo um troco que se recebe errado, quantos param para fazer a coisa certa? Como queremos cobrar de nossos políticos se a moral não parte de nós? Uma sociedade justa cobra um governo justo. A Negligência também é outro fator. Como queremos cobrar uma maior valorização à construção de escolas e hospitais além de serviços de qualidade se basta apenas acabar um reallity show para que nossa atenção se disperse e volte-se para ele. Creio que caso fosse questionado nas ruas o nome do deputado preso que não perdeu o mandato e o da vencedora da Fazenda a maioria ficaria com a segunda opção, dificilmente se atentaria a uma questão como essas.

Dizer que política é chata é mais cômodo. Ano que vem é ano de eleição, uma oportunidade para mudar, alterar o cenário vigente. Sendo que o primeiro passo tem de ser dado por nós, a urna nada mais é do que um espelho do que somos, se quisermos mudar a imagem temos de alterá-la em nós. Não chegaremos a uma política completamente honesta, pois esta é quase utópica. Porém se não agirmos continuaremos nesse lamaçal chamado Brasil. Creio que agora que se completam quase que quatro meses do início das manifestações posso dizer que minhas esperanças para a mudança ano que vem foram frustradas, podendo me fazer chegar na mesma ideia de Marthing Luther King, só que desta vez sem resultado “Eu tive um sonho...”

Vinícius Bernardes
Enviado por Vinícius Bernardes em 30/09/2013
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