Sobre o amor

Fazia treze anos, começou na adolescência e agora já eram adultos. As coisas deveriam ter tomado um rumo, mas não. Ou melhor, tomaram. Mas um rumo muito diferente do que deveria ter sido. Destino, escolha, opção...não se sabe. Sabe-se apenas que hoje vivem com a nostalgia do que poderia ter sido. E isso não se deve ao fato de estarem velhos para viver qualquer tipo de amor, pelo contrário, viver esse amor hoje seria perfeito. Vivem em nostalgia por serem adultos demais, sensatos demais, responsáveis demais, não querem fazer ninguém sofrer devido a um "capricho" de ambos, não se sentem capazes de mudar radicalmente suas vidas por esse amor que esteve adormecido por tanto tempo e agora os pega de surpresa em um sábado a tarde. Uma conversa, apenas uma conversa é o que deveria ter acontecido e poderia ter resolvido toda a história da vida deles. Uma conversa poderia ter salvo esse amor e tê-los dado o direito de usufruírem desse amor até o fim.

E sem essa conversa o tempo passou. E passou. Mas o amor dele por ela não. Ele sempre a quis. Ele a fantasiava todas as noites antes de dormir por anos e anos de sua vida. E ela, ah, ela não levou muito a sério, não acreditou que um adolescente fosse capaz de amar tanto e de verdade. Ela ignorou, mas não suportou a uma franca conversa, acabou por entregar-se de forma legítima e inacreditável para ele . Mas era tarde, treze anos depois ele estava casado, ela estava em um relacionamento duradouro. Seria verdade aquilo tudo? Como saber se teriam dado certo caso aquela conversa tivesse acontecido a anos atrás? Dúvidas que os perseguem, acabam por entender os dois de forma drástica que o pior não é não ceder às vontades, o pior mesmo é acordar tempo depois com a sensação de que deveria ter feito. Pior do que se arrepender de algo que se fez, é se arrepender de não tê-lo feito (doloroso clichê). Mas o mais ruim de tudo isso é eles terem a sensação de estarem fazendo tudo de novo. Deviam ceder agora? Mas e as pessoas? E o estrago que seria causado? Não, a responsabilidade aponta que não, a consciência não permite, os medos tomam conta, a sociedade acusa, as pessoas intimidam, os outros, sempre os outros.

E seguem suas vidas. Cada um na sua vida imaginando a vida do outro. Tentando se encontrar as vezes ao menos para conversar, observar os sorrisos e os olhos. Ah, esses não mentem. E as mãos, as mãos dele tremem ao vê-la. Os olhos brilham tanto que parecem clarear todo o ambiente em volta. E ela, sempre do mesmo jeito, fingindo não se importar muito, mas deixando claro ao mesmo tempo a nítida sensação de euforia, é, parece que voltou aos 12 anos de idade naquele instante em que ficam juntos. Juntos, essa nem seria a palavra. Porque não ficam juntos? A consciência não deixa, já disse. Mas se abraçaram. Se beijaram no rosto. E isso foi demais! A sensação ainda que rápida, foi muito boa.Isso foi o máximo que fizeram. E isso pareceu uma aventura do porte de escalar o Monte Evereste, sem exageros. É assim quando se ama. É assim quando se quer. Se acontecerá mais coisas que isso? Ah, isso só o tempo pode dizer. Por enquanto continuam os sorrisos, as conversas.

Eciane
Enviado por Eciane em 05/10/2013
Código do texto: T4511824
Classificação de conteúdo: seguro