Não Sou Tão Só

Mais dias e menos dias... Passam-se. Lento ou apressado. Tiro meus dias a dormir e as noites a divagar pelas ruas vazias, pela casa imensa, pelos jardins suspensos. Sozinho, a par da solidão.

Nunca estou só quando abro um livro no escuro numa página qualquer e consigo entender o que aquele fragmento tenta me dizer. Não estou tão sozinho assim, quando eu não vejo você por aqui, e então abro a gaveta da escrivaninha e vejo a sua foto antiga. A solidão tem sido a minha companhia mais agradável nesses últimos dias. Ela me oferece um copo de vinho, entre copos e garrafas a solidão conversa comigo e com meus botões.

Ela diz coisas que nunca ouvi, e até gosto de ouvir. E de vez em quando, quase sempre quando me sento pra conversar com ela, desenho, faço formas, pinto, falo e o papel que virou um barco que soltei na minha banheira cheia d'água só quer dizer o que não soube escrever, que é com ela que eu quero estar. Como um barco só, no mar imenso, no cais a sua espera.

Sentado na minha banheira d'água, com o barquinho de papel, ainda me lembro dos tempo de criança... Que não era apenas um barquinho feito de papel pelas mãos de uma criança. Mas que o barquinho que eu fiz para imaginar como seria se eu tivesse conhecido o mar. Como se fosse a imagem, a fotografia, a tela que pinta a minha imaginação, que faz esse barquinho velejar e numa quebrada de uma onda, ou numa ressaca do mar, o barquinho de remos se canse de navegar e então eu lhe crio asas para que então possas voar.

Camila Arruda
Enviado por Camila Arruda em 24/10/2013
Reeditado em 27/02/2014
Código do texto: T4540195
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