Festa da Édi

A festa estava muito boa. Muita gente conhecida, pessoas da família, alegres e bonitas. Era o aniversário da Édi, amiga de trabalho de minha mãe. Édi fez essa festa numa espécie de mini-shopping. Cada proprietário das lojinhas coloca para alugar o pátio central para fazer a festa, nos sábados à tarde, quando as lojas estão fechadas. Esse mini-shopping tem um formato de “L”. Há uma entrada na parte menor do “L” e a outra entrada (ou saída) fica na parte maior, que dá para outra rua, pois esse “L” atravessa o quarteirão. A festa da Édi estava sendo realizada na parte menor do “L”. Ao entrar no mini-shopping se via do lado esquerdo e direito várias lojas enquanto no centro estava sendo realizada a festa.

Quando já estava na hora de ir embora, procurei minhas irmãs para despedir-me e encontrei a Sabrina no fraldário, trocando as roupas da pequena Fernanda (colocou uma linda roupa jeans com apliques de tecido colorido) e a Narinha trocando as fraldas do bebê Gil Alberto.

Após as despedidas, continuei caminhando até a quina do “L” e já estava virando para a direita quando a jornalista Inara, minha amiga desde a infância chamou-me dizendo que iria me acompanhar até a saída. Fomos caminhando, conversando e logo chegamos onde estava localizada a saída, a qual estava bloqueada por uma moto, um jet-ski e um pequeno trator, que estavam em exposição para venda.

- Puxa vida! E agora? Temos que voltar todo o percurso? – reclamei.

Aí a Inara segurou na traseira da moto, arrastando-a para um canto, dando espaço para uma pequena abertura na porta – e por ali eu saí.

Saí para a rua e já estava escuro.

- E agora? Qual rumo tomar? Lado esquerdo ou direito? – pensei.

Era a primeira vez que saía por aquele lado do “L” e desconhecia aquela rua. Resolvi sair para a direita. Andei uns quatro quarteirões pelo meio da rua porque a calçada era muito esburacada e estava bastante escuro. Senti que vinha uma pessoa caminhando atrás de mim e vi um vulto. Fiquei com medo. Acabou a rua; não dava mais para ir em frente porque havia algumas casas; só poderia ir para a esquerda ou direita. Acabou o asfalto esburacado, a rua agora era de terra. O vulto virou para a direita e eu optei em virar à esquerda.

Agora não havia mais calçada e fui andando pela rua de terra batida, de salto alto, amassando o barro e pulando as várias poças de água que conseguia enxergar e pisando naquelas que não via. As lâmpadas dos postes de luz estavam queimadas. Escutei vozes atrás de mim. Era um bando de garotos, uns a pé e outros de bicicleta. Fiquei com medo novamente. Passaram por mim correndo, brincando, gritando e rindo. Alarme falso.

Estava apavorada porque estava perdida, cansada de caminhar, desconhecia aquele lugar e não sabia como chegar à rodoviária. Após andar uns três quilômetros nessa escuridão e lama cheguei à esquina de uma rua bastante iluminada e movimentada por veículos. Parei um táxi e suspirei aliviada.

- Amanhã vou telefonar para a Édi e tranquilizá-la informando que cheguei bem, apesar desse bobo susto. – pensei.

Nota da Autora:

Conto escrito em janeiro/2010; publicado no livro MOSAICO e no blog: simonepossasfontana.blogspot.com.br