Algumas Coisas

O cotidiano é muito louco. Vejo as pessoas te dizendo pare estudar e ser alguma coisa na vida. Como se elas soubessem algo a respeito disso. Os noticiários mostram cada coisa idiota. Esses dias, apareceu um bloco inteiro falando de uma novela. Como se alguma delas algum dia tivesse prestado. Mas somos um país de telenovelas e a população adora imitar as babaquices dos personagens. Surge uma com sotaque escrotamente estrangeiro e no outro dia o pessoal nas ruas repete, feito uns macacos amestrados. Puta dor de dente, tomando sorvete e latejando, já que o dentista havia comentado que aquilo viraria um canal. Parece que só tem dentista tosco. Chegamos naqueles consultórios e nem sabemos se iremos sobreviver. Falta de higiene. Uma que fui ficava colando umas músicas do Julio Iglesias e mandava levantar a mão quando sentisse dor. Levantava e ela continuava cutucando. É porque não era no cu dela. Dizem que no dos outros é refresco. Aquela vaca saciou a sede em mim. E vinha fazer citações de livros a partir de filmes bizarros e enciclopédias de um tempo que nem se conta mais.

Acho curiosa uma coisa. Me considero ateu, por não ter encontrado ainda um termo melhor que se adequasse a meu estilo de vida. mas voltando ao assunto, as pessoas dizem adorar deus e que ele é tudo. Mas quando embora dizem “fica com deus”. E o outro responde, “fiquem vocês”. Se é tão bom, porque ninguém quer ficar com ele? Um jogo de empurra do cacete. Se essa criatura existisse, ia ficar no mínimo decepcionada com rebanho. Nada que uma boa tragédia bíblica não resolva. Já que esse deus é vingativo e adora matar de monte. Aproveito para outra observação. Que tristeza essas pessoas que se tornam evangélicas. São pessoas que faziam e aconteciam e de repente ficam encruadas. Vejo aquelas mulheres crentes e parecem uma borboleta que voltou a ser lagarta. Andam até curvadas, com vergonha de se admirar no espelho, castradas. Se escondem e sentem vergonha, em vez de explorar o mundo e se soltar. Os homens colocam aqueles terninhos e enfiam no sovaco a bíblia amarelada e ficam de joelhos. Tem gente que machuca o joelho rezando. Ninguém se dedica com esse afinco a um sexo oral. Vai entender essa gente.

O trânsito anda mesmo uma barbaridade. Motoristas utilizam sua arma-carro e os outros que saiam da sua frente. Quando uma simples colisão pode gerar um a briga com assassinato, o sujeito saca uma arma de fogo e já era. A mulherada também é louca no trânsito. Aliás, esse papo de isso é pra homem e isso pra mulher já deixou de surtir efeito. Tem sempre um que diz, mas calcinha é pra mulher. Tem homem que se veste com calcinha enfiada no rego e roçando os pelos do rabo. Nesse mundo existe de tudo e aprecio a diversidade. Os animais estraçalhados nas estradas são a evidência da potência das máquinas guiadas por imbecis. Aquilo vira uma pizza e o máximo que fazem é desviar quando ainda está recente o corpo para não sujar o veículo. O sujeito te para no sinal e pede uns trocados. Esses dias, estávamos fazendo um estudo com uma vara de pescar para fora do carro, e um sensor na ponta para medir a temperatura atmosférica. Coisa de primeiro mundo. O carro andando há vinte quilômetros e o pessoal louco atrás. Um cara quando paramos no semáforo veio oferecer amendoim. Mais o lance era descolar uma grana para ele comprar alguma parada que o deixasse ligado. Rendidos ali de noite, eu fui trocando ideia e dizendo que estávamos duros, ou seja, sem grana, para que não me entendam errado. O cara saiu dizendo que eu era inteligente e ficou satisfeito de ter ganhado atenção.

Sentei na cadeira da barraca de pastel da feirinha e fui pedindo uma cerveja, um espetinho de coração e um pastel. Fico olhando aquele espetinho de coração de galinha, imaginando que são sete, ou seja, sete galinhas perderam a vida. Galinha, frango, galo, galinho garnisé, que se foda. O que interessa é que para satisfazer meu gosto por essa iguaria, sete vidas eram tiradas de forma violenta. E pelo tanto de espetinho que sai, o abate é mesmo monstruoso. Fiquei imaginando o coração de cada ave, como deve ser o sabor. Já comi de pato. Mas e o de um pavão, quem sabe um avestruz, um urubu. O atendente veio cheio de graça trazendo a bebida, o gelo escorria e o calor que fazia instigava beber de um gole só. Só minha esposa faz isso. Ela é mais homem do que eu na golada. Tinha umas moscas que achei que fossem nos carregar. Ficamos preocupados porque uma aluna dela serve o pastel e poderia nos envenenar, já que a relação em sala de aula era conflituosa. O foda é que feira só vende lance que acaba com o estômago e banheiro é algo inexistente. Uma vez, quando criança, tive que bater na caça de estranhos e me render à bondade alheia. Já que me deixaram usar o banheiro de manhã cedo e empesteei a casa. Isso que dá fazer caridade. Ainda vou chegar em casa e brincar com os gatos. Primeiro vou tirar essa cueca, os pelos curtos estão pinicando. Raspar o saco tem esse inconveniente.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 18/12/2013
Código do texto: T4617231
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