A MOCHILA E O GUARDA-CHUVA

Alberto se descuidou, não indo comprar ração para os seus dois cães que ficavam no quintal em uma casinha improvisada. Era sexta-feira à noite, por volta de vinte horas, quando Alberto e seu filho Watson começaram a percorrer as ruas da cidade de bicicleta tentando encontrar uma casa de rações aberta. Encontraram duas ainda abertas, porém o preço praticado pela primeira era alto e o da segunda, bastante em conta, o que levou Alberto a comprar um pouco de ração para cães ali, que fosse suficiente para aquela sexta-feira, já que no dia seguinte iria providenciar uma quantidade de ração maior na casa de rações onde comprava habitualmente e fiado, pagando sempre no final do mês as compras que fazia durante ele. Assim que compraram a ração e estavam se preparando para retornarem ao lar, Alberto e Watson foram abordados por um homem de aproximadamente 25 anos de idade e o seu filho de cabelos loiros e olhos azuis, aparentando uns quatro anos. O que o homem queria era vender para Alberto, uma mochila e um guarda-chuva por R$ 10,00 (dez reais) com o objetivo de adquirir um pacote de arroz e carcaça de frango para enfrentar aquela noite triste juntamente com seus familiares. Alberto notou que o guarda-chuva oferecido por aquele homem era algo de qualidade superior, assim como a mochila, porém tomou a decisão de dar os R$ 10,00 (dez reais) para ajudá-lo sem querer nada em troca. Aquele homem insistia para que Alberto ficasse com os objetos oferecidos, porém Alberto se recusou, fazendo aquele homem compreender que não se deve aproveitar dos momentos difíceis que as pessoas enfrentam para tirar proveito delas, o que o homem compreendeu, ficando com os olhos lacrimejantes. Alberto só ficou triste ao ver aquele homem agradecido afastar-se com o filho, por não poder ajudar mais naquele momento, fazendo somente o pouco que podia.

O pequeno Watson, de 09 anos de idade no bagageiro da bicicleta onde estava sentado, retornando ao lar, disse para o pai que estava imensamente emocionado e se segurando para não chorar com o que acabara de presenciar e que via no Alberto, um homem bom e que o amava muito. Dessa vez foi Alberto que sentiu um nó na garganta e se segurou para que as lágrimas não rolassem no seu rosto, diante da declaração sincera do seu filho.

Na mochila do seu coração guarde os bons sentimentos e use sempre o guarda-chuva da humildade para não ser atingido pela chuva do egoísmo que a vida abundantemente derrama sobre os desavisados que andam por aí completamente desprotegidos e encharcados.

Que Deus os abençoe!

Antonio Alves
Enviado por Antonio Alves em 18/01/2014
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