= Doente de Amor =

Sentiu-se ínfima a paciente ao ver que o médico com

seu estetoscópio não detectava, não sentia que era

por ele que seu coração batia.

Estava doente sim, mas de amor.

Inventou uma dor qualquer pra poder ficar perto dele.

Sozinha com ele. Ao menos uns minutinhos.

Por mais que se insinuasse, ele um poste,

extremamente profissional, nem um sorrisinho sequer

lhe deu.

Ele, como de praxe no SUS, receitou-lhe Dramin

e Voltaren e disse, sem sequer levantar os olhos:

- Se não melhorar, volte no ano que vem.

Ela saiu dali pisando duro, mãos fechadas, mordendo

os lábios, olhos faiscantes...

- Desgraçado! Dramin e nem olhou pra mim.

Que receite Dramin pra mãe dele! Excomungado!

Se pudesse esganava ele.

Rasgou a receita furiosa, jogou no lixo e literalmente

chutou o balde.

Quem viu a cena, certamente se perguntou:

Quem será essa louca?

Foi pra casa decepcionada, triste e p da vida.

Não era de medicamentos que precisava.

Era de beijos, abraços, amassos e tudo mais.

Principalmente o “tudo mais”.

Era ele o remédio de que precisava.

Mas ele, insensível, filho da puta, nem placebo.

= Roberto Coradini {bp} =