Muros e prisões...

Hoje me lembrei de uma história de ontem. Um ontem distante, há alguns anos atrás quando terminei de ler a última página de um livro chamado “Muros e Prisões”.

Um livro forte, indescritível em algumas passagens, mas real ou realista... Esse livro conta a história de um homem que se torna triste e faz da tristeza a corda da sua forca, e dos seus dias a força da gravidade. Tudo começa onde não se determina, onde não se imagina. Escrito ao estilo de uma auto-biografia, revela em suas entrelinhas um pouco do que todo ser humano é... Egoísta e orgulhoso...

Mostra com a clareza de um espelho como a mágoa não assimilada, como um conflito vivido diariamente se intensifica por deixá-lo sem solução num canto imerso em silêncio de uma mente subjugada pelo orgulho podendo se tornar num punhal cravado na própria alma...

Mostra como diante de erros pequenos o orgulho se choca com o medo e faz uma culpa nascer imensa. A culpa gera por falta de aceitação as tais frustrações, estas são como degraus que ao invés de nos levar acima, arrastam escada abaixo...

Nessas páginas lê-se claramente que usar as frustrações para justificar novos erros faz um homem encerrar-se num mundo à parte, os tais “Muros e prisões”. Um lugar de angústia mental, onde conflitam o ódio e a dor sem que nenhum desapareça, pelo contrário, proliferam lentamente minando o estado de ânimo, encerrando num círculo sem fim o livre arbítrio degradado em seus conceitos do bem e do mal...

A narrativa desse personagem conduz à esses “Muros e prisões”, onde cada parede é formada pelo caráter então dissolvido pelos erros de comportamento social onde se enxerga claramente que o maior inimigo trata-se dele próprio e que sua salvação está em si mesmo... Ele próprio traz palavras de esperança somente em sua última frase:

- “Hoje os tais Muros e prisões são lembranças de um tempo distante. Nunca consegui destruir esses Muros e prisões onde estão minha dor e solidão, mas mudei minha forma de interpretá-los e situá-los... Os deixei intactos no lugar onde sempre existirão. O passado... Passei a viver o presente, único lugar onde posso escolher entre o bem e o mal. Quanto ao futuro, todo dia novo será o presente...”

Bem, eis um breve relato sobre um livro, parece tratar-se de uma história triste se a observarmos do passado, mas é feliz, pois hoje pode ser contada...