VISTA CANSADA

— Manhê, quero maçã.

— Puxa, Rui, você quer tudo o que vê.

— Uai, mãe, a senhora falou que eu podia comprar tudo o que quisesse.

O vendedor de frutas passa pelo vagão de passageiros, oferecendo maçãs e pêras, frutas importadas, protegidas por papel-de-seda, de aparência apetitosa. Dona Hortênsia nada compra e o garoto se aquieta no banco, olhando a paisagem que passa como num filme da matinê do cine Recreio. O trem prossegue, o barulho monótono das rodas hipnotizando os passageiros e levando-os a uma modorra geral. Enquanto o garoto lê algumas páginas de seu gibi, a mãe faz tricô com uma dedicação que chega às raias de um vício.

Há mais de duas horas Dona Hortênsia e Rui estão viajando. Embarcaram no trem das nove na estação da estrada de ferro de Girassol, com destino a Campinas. Dona Hortência precisa fazer uma consulta de vista e a grande cidade se orgulha de ter um dos melhores oftalmologistas do país. Os muitos anos de fazer tricô sob condições precárias de iluminação, principalmente à noite, sob lâmpadas fracas, prejudicaram sua visão.

— A senhora está com a vista cansada, precisa consultar um oftalmologista. — Foi o conselho do doutor Beraldo. — Essas dores de cabeça constantes são provenientes da vista cansada.

— Oftal...o quê?

— Oftalmologista. Oculista, um médico das vistas. Em Campinas tem oculistas muito bons.

Dona Hortência reuniu suas economias e propôs-se a fazer a viagem. O marido advertiu-a:

— Não posso ir com você, estou muito apertado de serviço. Tenho seis ternos para entregar ainda antes do Natal. Não posso deixar a alfaiataria por conta dos empregados.

— Levo o Rui comigo, me serve de companhia.

Rui tinha na ocasião nove anos. Garoto esperto, vibrou com a notícia. Seria a primeira vez que viajaria no trem de ferro. Aliás, seria a primeira viagem da sua vida. Animado, começou a indagar a respeito da viagem e a arrancar promessas da mãe. De passeios fabulosos a compras maravilhosas. A mãe prometia tudo.

— Vou ficar na pensão de dona Érica. É lá que fica a maioria do pessoal que viaja pra Campinas.

Logo no começo da viagem, as surpresas. Muitos passageiros usavam guarda-pós, largas vestimentas de gabardine ou brim, para protegê-los das fagulhas. Dona Hortênsia e Rui, entretanto, não estavam preparados para as pequenas faíscas que, saindo da chaminé da locomotiva, voavam em todas as direções e entravam pelas janelas abertas, a ponto de queimar roupas, braços, mãos e cabelos dos passageiros desavisados.

— Ai, mãnhê! Tá me queimando!

— Fecha a janela, dona, ou a senhora vai ficar toda queimada! — Uma voz advertiu.

Sem mais tardança, dona Hortência fechou a janela lateral do banco onde ela e Rui estavam aboletados. Não demora muito, passa o fiscal do trem, com uma estranha maquininha manual, conferindo as passagens e avisando sobre a próxima estação.

—Condelino. Próxima parada, Condelino. — Os passageiros devem exibir a passagem, um cartão minúsculo, para ser picotado. Dona Hortênsia revira sua bolsa, procurando freneticamente as passagens. O fiscal é paciente, enquanto espera conversa com os passageiros. Aciona, por vício, a picotadeira, o tic-tec acompanha o ploc-taploc das rodas do trem. Tic-tec, tic-tec. Ploc-taploc, ploc-taploc. .

As passagens aparecem nas mãos de Dona Hortênsia. Até o final da viagem, serão mais dez ou doze picotadas. A passagem vai chegar furada como uma peneira.

Mais tarde, o mesmo fiscal passa com revistas, anunciando em voz alta:

— Olhaí O Cruzeiro! Olhaí O Tico-Tico! Tá chegando O Governador. Vida Doméstica. Olhaí A Carioca! A Noite Ilustrada com fotos dos bombardeios na Alemanha!

Rui se agita. Gosta de ler, já folheou algumas daquelas revistas na casa do Nelinho, colega de classe. Quer comprar todas. Olha para a mãe, envolvida no seu tricô e perde o entusiasmo. A mãe já lhe disse que tem pouco dinheiro, não dá para comprar tudo o que ele pede, conforme o prometido.

—Manhê, compra um Tico-Tico?

A mãe compra e Rui sossega.

Por volta do meio-dia, passa de novo o fiscal, perguntando quem quer almoçar no vagão-restaurante. Apenas um casal segue o fiscal. Dona Hortênsia abre uma sacola da qual tira alguns sanduíches. Entrega um a Rui e ambos se põem a comer, silenciosamente.

São quase quatro horas. A tarde está ensolarada e o vento que entra pelas poucas janelas abertas é quente e seco, quando o trem passa por chácaras, pequenas hortas, os subúrbios da grande cidade.

A chegada da composição na imensa estação da Mogiana em Campinas é um tumulto. Os vagões despejam os passageiros em cujas plataformas estão carregadores em roupas cor de cinza, com seus carrinhos, ávidos por levar as bagagens. Dona Hortênsia localiza Ledinha, a sobrinha que a espera na estação. Após os cumprimentos, abraços e beijos (Rui se cora com as beijocas da prima), vão para a estação do bonde.

— Vamos de bonde, a casa de dona Érica não fica longe.

Rui se maravilha com tudo. A mãe e a prima iniciam uma conversa só delas. Rui vai de mãos dadas com a mãe, mais atento às vitrinas, às bancas de jornais e revistas, à grande quantidade de gente pelas calçadas e aos altos edifícios de muitos andares, que vê pela primeira vez. Tomam o bonde. Dona Hortênsia se atrapalha ao subir, mas Rui consegue, agilmente, seu lugar no banco da frente.

O casarão é imponente: a imensa fachada ocupa metade do quarteirão, dobrando a esquina. Dois andares, janelas e mais janelas perfilam na frente. À entrada principal está Dona Érica, para receber os hóspedes. Prática e expedita, não perde tempo, e em poucos minutos aloja mãe e filho num quarto do andar superior.

— Fiquem o tempo que for necessário. O banheiro está no corredor. Cuidado com as janelas, que não são muito altas. Ainda chegaram a tempo de jantar, que é servido até as sete horas.

Com essas breves instruções, deixou os dois no quarto grande.

Dona Hortênsia põe a mala sobre a cama e observa o quarto: parco mobiliário, apenas uma cama de casal, um guarda-roupas, dois criados-mudos e uma cadeira. Uma pia no canto direito, escondida quando a porta é aberta, mostra sinais de muitos, muitos anos de uso.

Rui debruçou-se sobre a janela.

—Manhê, que altura! Dá pra ver tudo quanto é quintal dos vizinhos!

—Cuidado, Rui, não debruça muito. Escuta o que dona Érica falou.

A porta do quarto se abre para um extenso e sombrio corredor. Rui olha para um lado, para outro, a fileira de portas de quartos parece não ter fim. Ledinha entra no quarto para ajudar a tia.

—Amanhã a gente vai ao consultório, marcar a consulta. Se a gente madrugar, talvez consiga uma hora na parte da tarde, amanhã mesmo. — Animada e sorridente, os longos cabelos soltos, o porte ereto, impressiona Rui, que permanece por ali, olhando de viés para a prima. Ela é muito bonita! Se eu pudesse ir com ela no médico, amanhã...!

A pensão é só para moças. Na maior parte, moças do interior, que vêm trabalhar em Campinas, como telefonistas, caixeiras das lojas mais movimentadas. Dona Érica se faz de preceptora das moças, sob cuja guarda as famílias deixam suas filhas. A pensionista distribui as moças aos pares, duas em cada quarto. Ao anoitecer, elas chegam, aos grupos de duas, três, e animam o casarão. Além da entrada principal, há uma outra, lateral, usada pelas pensionistas, dando acesso direto para a escada que leva ao segundo pavimento. Rui observa as moças chegando. Puxa, como são bonitas essas moças da pensão!

Descem para o jantar, servido na grande sala, com uma enorme mesa e mais duas mesas menores. Parece uma festa, tanta gente reunida, o entra-e-sai, as conversas cruzadas. Dona Hortênsia e Rui, sempre orientados por Ledinha, sentam-se numa das mesas menores, onde já estão duas outras jovens. Rui se inibe, é tanta moça a puxar prosa, os sorrisos constantes. Come calado.

No dia seguinte, a mãe levanta-se bem cedo e já está de roupa trocada quando Rui acorda.

— Vou ao oculista agora bem cedinho pra marcar a consulta. Você fica aqui na pensão. Já falei com Dona Érica, você pode descer pra tomar café e, se quiser, fica na sala grande. Mas, veja lá, não vá perturbar o pessoal da limpeza nem da cozinha, hein?

Rui fica no segundo andar. Não está a fim de tomar café. Pelo corredor, chega até uma janela, a primeira que viu na tarde anterior. Admira-se com a paisagem, os quintais e os telhados a perder de vista. Bem abaixo, no quintal vizinho, alguns pedreiros começam a trabalhar. Uma reforma na casa. Algumas árvores e uma touceira de bananeira fazem sombras e esconderijos. Rui observa um dos pedreiros encaminhar-se para as bananeiras, onde começa a urinar.

Sem que Rui percebesse, entretido que estava no cenário abaixo, uma das moças chegou-se por detrás, e seu risinho brejeiro despertou a atenção de Rui.

—Oi! Que você tá vendo aí? — Ela pergunta. É uma moça alta, loira, ainda está de camisola e os cabelos despenteados.

Rui se assusta, fica muito, muito corado, gagueja qualquer coisa, e fica pregado ali, olhando pra moça. Com vergonha de ter sido flagrado quando via o homem fazendo xixi.

—Ah! São aqueles pedreiros lá embaixo! São bem sem-vergonhas, não é mesmo? Nem bem chegam no serviço já ficam mangando pra cá e pra lá. — Rui sente o hálito da moça, com cheiro de cigarro. Fica ali, sem jeito. Sente-se cercado pela loira, e ao mesmo tempo, não quer mais olhar para o quintal.

—Como é seu nome?

—Rui.

—Sou Marlene. Você é muito bonitinho, viu? — Ela belisca as bochechas de Rui, que se esquiva. Chata!Além de me cercar aqui, ainda me belisca, como se eu fosse um bebezinho!

A moça sente que o garoto não está a fim de papo, se afasta na direção do banheiro. Rui corre para o seu quarto.

Dona Hortênsia volta antes do almoço. Braba, nervosa.

— Puxa vida. Só tem hora pra depois de amanhã! Vamos ter que esperar três dias. O Felisberto, coitado, não vai gostar de ficar tanto tempo sozinho!

Depois do almoço, Ledinha sai para o trabalho. Dona Hortênsia e Rui vão com ela até a praça mais próxima. Vasta praça com canteiros gramados, os caminhos internos sombreados por palmeiras imperiais perfiladas em longas alas. No centro, um coreto de grades metálicas pintadas de verde, e num recanto mais retirado, de uma fonte artificial um filete d´água cascateava mansamente. Os três atravessam a praça na diagonal e chegam na esquina, um local com muitas casas comerciais

— Aqui tem algumas casas de armarinhos e a senhora poderá reforçar seu estoque de linhas.

Tímida, puxando o filho pela mão, ela começa a percorrer as lojas, sem saber o que quer comprar. Ao passarem defronte a uma mercearia, Rui vê salsichas a granel, um monte delas, no balcão, junto com queijos e salames.

— Manhê, compra salsicha pra mim?

Dona Hortênsia gosta do aspecto das salsichas e acede ao pedido do filho. São salsichas frescas, vermelhas, parecem gostosas.

— Moço, me pesa meio quilo dessas salsichas.

Rui gosta demais de salsichas. Ali mesmo, depois de a compra ser feita, corta uma da fieira de mais de vinte, e põe-se a comer. Hummm! Que delícia! Vou acabar com esse pacote logo, logo.

Após o café da tarde, permanecem, mãe e filho, no quarto. Ela, fazendo tricô, trabalhando com a agulha e a linha bem próximos dos olhos, que a vista piora dia-a-dia. Rui come salsichas o tempo todo e o pacote de meio quilo acaba bem antes do jantar.

— Desse jeito, você não vai jantar nada. — A mãe avisa, sem ser ouvida.

— Amanhã a senhora compra mais?

Depois do jantar, ficam ouvindo rádio, as últimas notícias da guerra na Europa, e sobem cedo para o quarto. Rui está com sono, dorme logo, mas Dona Hortênsia perde o sono. Fica zanzando pelo quarto, sai ao corredor e, da janela, fica olhando o panorama noturno. Ouve quando a porta lateral é aberta. Escuta os passos subindo o corredor, devem ser pelo menos duas moças, pelo tropel na escada, pensa. Envergonhada de estar ali no corredor, de camisola, esgueira-se e dirige-se, protegida pelas sombras, para seu quarto. Ao chegar à porta, vislumbra os vultos que sobem pelas escadas. Pensava serem duas moças, mas vê uma moça acompanhada de um homem. Assustada, encolhe-se no desvão da porta de seu quarto, enquanto o casal entra num dos quarto próximos à escada, do outro lado do corredor.

Não é possível, devo estar vendo coisas! Mas tenho certeza, vi um homem acompanhando a moça, tenho certeza!

Não dorme direito. Diversas vezes na noite acorda sobressaltada pela dúvida do que viu, o que deve fazer. Será que falo pra dona Érica, ou fico calada? Afinal, não tenho nada com isso... Mas a consciência de saber que algo atrapalhado pode estar acontecendo naquela pensão só de moças lhe tira o sossego. Felizmente, tenho certeza de que não é a Ledinha, Deus que me livre! Aquela moça é bem mas encorpada.

Que não era Ledinha, dona Hortência certifica-se no dia seguinte. Durante o café da manhã, apenas ela e a sobrinha na mesa pequena do refeitório, relata em voz baixa o que vira na noite anterior.

— É a Marlene. Ela é protegida de dona Érica, tem um quarto só para ela e paga muito mais. De vez em quando, traz o namorado. Mas as outras não podem fazer isso não. Os outros quartos são ocupados sempre por duas moças e a vigilância é constante.

Passa o dia todo na pensão, afeita ao seu tricô, começando a tricotar novas toalhas com as linhas compradas no dia anterior. Rui fica irrequieto.

— Manhê, vamos comprar mais salsicha?

— Ara, Rui, fica quieto. Lê aí seu Tico-Tico.

— Já li. Então me deixa comprar um gibi no jornaleiro ali da esquina.

Após o almoço, ela concorda.

— Tá bom, tome aqui dois mil réis, vai comprar esse bendito gibi.

Rui sai. Pára em frente à banca de revistas. Antes de comprar o gibi, vou dar uma voltinha ao redor do quarteirão. Se não sair do passeio, chego de volta à banca. Pensa e faz. Ao dobrar a próxima esquina, vê o parque pelo qual haviam passado no dia anterior. Uma voltinha no parque, até no coreto e à fonte, e volto aqui na esquina. Não tem perigo. Adentrando-se pela praça arborizada,distrai-se com as árvores e tudo o mais. Dirige-se à fonte e vai até o coreto. As altas palmeiras imperiais o impressionam. E o desorientam. Ao voltar para a esquina, não chega à mesma esquina por onde entrara no parque. Refaz o caminho até o coreto e aí se confunde: são quatro alas de palmeiras, todas iguais, por onde foi mesmo que vim parar aqui? Segue por outra ala, não é a que procura, de repente fica apavorado, estou perdido aqui no meio deste jardim. Vê num dos bancos um homem sentado. Aproxima-se, na intenção de perguntar como chegar à pensão de dona Érica, mas desiste, com receio: é um mendigo, pode ser um vagabundo desses que atacam crianças. O pavor agora é total. O jardim está deserto, não vê mais ninguém, nem mesmo quando chega à próxima esquina. Desesperado, embrenha-se pelas sombras do parque e lhe vem uma vontade de chorar... e de fazer xixi. Depois de idas e vindas, as perninhas curtas cansadas, eis que tem uma idéia brilhante. Vou andar pelo passeio do lado de fora do parque, assim vou passar pela esquina onde está a banca de jornal. Foi onde entrei no parque. Prestando atenção, rodeia o parque pelo lado externo até passar pela esquina de onde vê a banca de revista. Esquecendo seu cansaço, passa pela banca e dirige-se à pensão. Esquece até de comprar o gibi, está preocupado é em voltar para a pensão.

— Puxa, como você demorou! Não comprou o gibi? — A mãe interroga-lhe, ao vê-lo de mãos vazias.

— É que... não tem gibi novo. — Ainda sob a tensão dos momentos em que se viu perdido, consegue dar uma desculpa. Se falo pra ela que fiquei perdido no parque, vai zangar e é capaz até de me dar um castigo. Corre para o banheiro, para aliviar a vontade de urinar. Bem na hora. Quase que faço xixi nas calças!

Naquela noite dona Hortênsia, sem querer, (ou querendo?) permanece debruçada na janela do corredor, até que escuta o barulho da porta sendo aberta e passos subindo pela escada. Afasta-se da janela e se abriga no desvão da porta. Curiosa, quer ver de novo a moça com seu namorado. Surpresa,vê que o homem não é o mesmo da noite anterior. É, sem dúvida nenhuma, mais baixo e um pouco gordo. Certamente careca.

— Tenho certeza de que é outro homem que estava com a moça, ontem à noite. — Comenta, sempre aos cochichos, com Ledinha, no café da manhã.

— É, a Marlene tem muitos namorados.

— Namorado? O homem que vi ontem podia ser até seu pai. Acho que vou falar com dona Érica.

— Tia, é melhor deixar pra lá. Ela sabe que Marlene é muito namoradeira, cada dia tem um diferente. Não liga não.

— Tá bom. — A tia concorda em manter só para si o que sabia. Posso ser do interior e não entender essas moças da cidade grande. Posso até estar com a vista cansada, mas não tou cega, não. O que vi não é só namoro não, pensa.

Feita a consulta, passa numa ótica, onde encomenda os óculos. O dono do estabelecimento avisa:

— Ficam prontos daqui a uma semana. Quinta-feira que vem pode vir buscar.

Ledinha se encarrega de pegar os óculos e enviá-los à tia.

No trem, de volta, dona Hortênsia pergunta ao filho:

— Então, Rui, do que você mais gostou lá em Campinas?

— Foi das salsichas. Quando a gente voltar lá, a senhora compra mais?

Antonio Roque Gobbo

Belo Horizonte, 22 de outubro de 2001

CONTO 118 DA SÉRIE MILISTÓRIAS

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 04/04/2014
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